Americanos votam Toms River, Nova Jersey: a parte norte de Nova Jersey, e particularmente Hoboken, sofreram danos generalizados causados pela supertempestade Sandy (©AFP / Paul J. Richards)
Da Redação
Publicado em 6 de novembro de 2012 às 13h59.
Hoboken - Eleitores impacientes de Nova Jersey faziam fila em meio aos escombros e ao lixo deixados pela supertempestade Sandy, enquanto responsáveis pela organização da eleição presidencial americana corriam para montar centros de votação improvisados a tempo.
Em Hoboken, localidade que fica do outro lado do rio Hudson de Nova York e que foi atingida pela tempestade da semana passada, um dos centros de votação improvisados abriu com 40 minutos de atraso, às 06h40 locais (09h40 de Brasília). Cerca de 60 pessoas esperaram na manhã congelante no local.
"Isto é inaceitável, estamos aqui desde as seis da manhã, e alguns de nós antes disso", disse Adora Agim, de 38 anos, um engenheiro de software que estava na fila.
"Ontem, quando eu liguei para o funcionário da cidade, me disseram para ir para o meu local de votação normal". Como instruído, ela foi para a escola designada, para encontrar apenas equipes de limpeza retirando escombros provenientes da tempestade e um pequeno aviso informando que ela deveria ir a um centro comunitário para idosos a dois quarteirões de distância.
Quando o centro alternativo finalmente abriu, um trabalhador voluntário saiu e disse à multidão revoltada: "Por favor, desculpem a aparência desse lugar, há dois dias estava sob dois pés de água".
"Vocês estão muito atrasados", reclamou um eleitor.
Lixo e lama oleosa do dilúvio cobriam as calçadas fora do local de votação. Móveis, placas de reboco, sacos plásticos e itens espalhados, incluindo um DVD de Woody Allen, estavam empilhados.
Mas Agim, uma imigrante da Nigéria que apoia o presidente Barack Obama para a reeleição, afirmou que o caos não foi suficiente para impedi-la de votar. "Eu vivi em um país do terceiro mundo onde o seu voto não faz diferença", disse ela. "É bom estar em um lugar onde isso realmente importa".
John Margolis, um banqueiro de investimentos de 46 anos que apoia o republicano Mitt Romney, descobriu, ao entrar no centro de votação, que a urna eletrônica não estava funcionando.
Ele recebeu a indicação para se juntar a uma outra fila e preencher uma cédula de papel. A fila estava muito longa, então ele decidiu voltar no fim do dia, talvez tempo suficiente para mudar de ideia sobre em quem votar.
"Fiscalmente estou 100% com Romney, ou eu estava até a semana passada", disse Margolis, que acrescentou ter ficado impressionado com a resposta do governo Obama à tempestade.
"Tem sido uma longa semana em Hoboken, a energia elétrica só voltou ontem", afirmou.
Nova Jersey é um reduto democrata e não deve ter grande impacto no resultado da eleição presidencial. Mas a resposta do governo à tempestade pode ajudar eleitores indecisos em outros locais.
A parte norte de Nova Jersey, e particularmente Hoboken, sofreram danos generalizados causados pela supertempestade Sandy no dia 29 de outubro. Centenas de milhares de pessoas ficaram sem energia elétrica na terça-feira e a gasolina estava racionada em grande parte do estado.
O Sandy, que começou como um furacão mortal no Caribe, atingiu 15 estados dos Estados Unidos e deixou pelo menos 109 mortos no país e no Canadá, além de provocar perdas de bilhões de dólares em danos.
Outra eleitora de Hoboken a favor de Obama, Nicole Mancino, de 33 anos, disse que teve uma semana difícil e emocional. "Foi a primeira vez que vi membros da Guarda Nacional na minha rua", disse ela.
"Eu não tenho eletricidade, não tenho aquecimento. Toda a nossa quadra ainda não tem", afirmou. "Mas eu não dormi na noite passada porque esta eleição estava me preocupando. Os candidatos são tão opostos que você não tem desculpa para não votar".
De acordo com Mancino, o espírito de comunidade em Hoboken durante a inundação e a cooperação entre Obama e o governador republicano de Nova Jersey, Chris Christie, foram bons sinais em meio à escuridão.
"Estou mais esperançosa depois disso, porque para todos os lugares que eu olhei há pessoas ajudando", afirmou.