Mulher anda em frente a construção bombardeada na Síria (REUTERS/Khalil Ashawi)
Da Redação
Publicado em 14 de janeiro de 2016 às 17h27.
A segunda leva de suprimentos de ajuda humanitária chegou nesta quinta-feira a uma cidade síria e duas aldeias sitiadas, enquanto a Organização das Nações Unidas acusou facções rivais na Síria de cometerem crimes de guerra ao deixar civis morrerem de fome.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede na Grã-Bretanha e que monitora a guerra, disse que caminhões de ajuda humanitária iniciaram a entrada na cidade de Madaya, perto da fronteira com o Líbano, e nas aldeias de Kefraya e al-Foua na província de Idlib no Noroeste.
A mídia estatal síria informou que seis caminhões entraram em Madaya.
Durante meses, dezenas de milhares foram bloqueados pelas tropas do governo em Madaya e cercados por forças rebeldes nas duas aldeias.
"De acordo com a equipe do Comitê Internacional da Cruz Vermelha que entrou em Madaya, as pessoas estavam muito felizes, até mesmo chorando, quando perceberam que a farinha de trigo estava a caminho", disse diretor de operações do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Dominik Stillhart, em Nova York.
As autoridades de ajuda humanitária esperam levar mais suprimentos, com a remessa de combustível estabelecida para domingo, de acordo com Stillhart.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse as partes no conflito da Síria, particularmente o governo, estão cometendo "atos atrozes" e "abusos" contra civis.
"Deixe-me ser claro: o uso da fome como arma de guerra é crime de guerra", disse Ban a jornalistas. O cerco à cidade Madaya, onde as pessoas têm morrido de fome, tornou-se uma questão central para os grupos sírios de oposição, que querem que o bloqueio seja levantado antes de entrarem em negociações, planejadas para 25 de janeiro, com o governo. Um total de 45 caminhões com alimentos e suprimentos médicos devem chegar a Madaya, e 18 a al-Foua e Kefraya na quinta-feira, disseram autoridades de ajuda.
O Observatório Sírio disse que registrou 27 mortes em Madaya por desnutrição e falta de remédios e pelo menos 13 mortes em al-Foua e Kefraya, por falta de suprimentos médicos. A população de Madaya é estimada em 40 mil, enquanto cerca de 20 mil pessoas vivem em al-Foua e Kefraya.
"As cenas que presenciamos em Madaya foram verdadeiramente de partir o coração", disse Marianne Gasser, a funcionária mais sênior com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha na Síria.