A investigação da morte do promotor voltou ao olho do furacão após a divulgação de um vídeo oficial da polícia em que é possível ver os peritos manipularem provas na cena (Marcos Brindicci/Reuters)
Da Redação
Publicado em 3 de junho de 2015 às 15h02.
Buenos Aires - O notebook que Alberto Nisman tinha em sua casa em Buenos Aires, onde foi encontrado morto há quatro meses e meio, registrou 60 conexões extrernas várias horas depois da morte do promotor argentino, informou nesta quarta-feira a imprensa local.
Nisman, que investigou durante dez anos o atentado contra a associação judaica Amia, perpetrado em 1994 em Buenos Aires, apareceu morto com um tiro na cabeça em 18 de janeiro, quatro dias após denunciar a presidente Cristina Kirchner de acobertamento dos suspeitos iranianos pelo ataque terrorista.
Em torno das 20h de 18 de janeiro, momento no qual os legistas determinaram que ele já estava morto há várias horas, o computador pessoal de Nisman registrou 60 conexões USB, embora ainda não se saiba se foram realmente foram acessos locais e com que tipo de dispositivo (que pode ser desde um pendrive até um teclado), detalharam fontes judiciais ao jornal "Clarín".
A análise dos dispositivos eletrônicos de Nisman é agora o foco da investigação sobre sua morte - que ainda não conseguiu determinar se foi um suicídio, suicídio induzido ou assassinato, e os resultados definitivos levarão pelo menos mais um mês e meio.
A própria promotora encarregada do caso, Viviana Fein, tinha confirmado que na investigação tecnológica tinham detectado acessos USB 12 horas depois da hora estimada da morte de Nisman e horas antes do corpo ser encontrado, mas esclareceu que é preciso esperar para saber se os registros foram locais ou manipulações.
O smartphone de Nisman tinha um vírus tipo "Cavalo de Troia", e dele foram apagados mensagens de texto, conversas de Whatsapp e chamadas, segundo dados vazados à imprensa local.
A investigação da morte do promotor voltou ao olho do furacão depois de um programa de televisão mostrar domingo um vídeo oficial da polícia em que é possível ver os peritos manipularem provas na cena.
Nas imagens, um perito retira com uma luva parte do sangue presente na arma achada junto ao corpo de Nisman e depois manipula o carregador e as balas com as mesmas luvas manchadas.
Além disso, ficou registrado que o perito recebeu instrução de Fein de limpar o sangue com papel higiênico para descobrir o número de identificação da arma.
Mais de quatro meses após a morte do promotor, a investigação permanece estagnada e há fortes divergências entre a investigação oficial e a encarregada pela ex-mulher de Nisman e querelante na causa, Sandra Arroyo Salgado.
Arroyo Salgado afirma que seu ex-marido foi assassinado, mas Fein se mantém aberta à possibilidade de suicídio, por considerar que não existem provas conclusivas para descartá-lo.
A Justiça argentina arquivou a denúncia de Nisman contra Cristina Kirchner por "inexistência do crime".