Malala Yousafzai: Malala e o indiano Kailash Satyarthi ganharam o Nobel da Paz (Liz Cave/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2014 às 14h14.
Londres - A jovem paquistanesa Malala Yousafzai, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz 2014 junto com o indiano Kailash Satyarthi, declarou nesta sexta-feira que o prêmio "não é o fim, mas o começo" e o dedicou a todas as crianças "cujas vozes precisam ser escutadas".
Em discurso depois de sair do colégio em Birmingham (centro da Inglaterra), Malala, de 17 anos, disse se sentir "muito honrada" com o reconhecimento e de compartilhá-lo com o ativista indiano Kailash Satyarthi, o que simboliza "o amor entre Índia e Paquistão".
O Nobel da Paz 2014 premiou os esforços pelos direitos das crianças da adolescente paquistanesa e do presidente da Marcha Global contra o Trabalho Infantil na Índia.
Malala esperou a terminar suas aulas para opinar sobre o prêmio, que assegurou a faz se sentir "muito feliz", embora seu verdadeiro objetivo é "continuar defendendo a educação das crianças".
"Quero ver todas as crianças indo para o colégio e se beneficiando de uma educação", afirmou a jovem, que começou seu discurso com uma referência a Alá por causa de sua fé muçulmana.
Coberta com um colorido véu islâmico, Malala explicou que ficou sabendo que tinha ganhado o Prêmio Nobel porque a professora lhe disse durante a aula de química, e agradeceu o apoio recebido de professores e companheiros.
"O prêmio não vai me servir para passar nas provas, isso vai depender do meu esforço", esclareceu a menina.
A adolescente, que ficou famosa quando em 2012 foi ferida a tiros por um taleban no Paquistão por defender o direito à educação das meninas, expressou seu "orgulho" por ser a primeira paquistanesa a ganhar o Nobel e a pessoa mais jovem.
A estudante ressaltou que estava "muito feliz" por "tantas pessoas estarem lutando pelos direitos das crianças" e constatou: "Não estou sozinha".
"O prêmio compartilhado entre um indiano e uma paquistanesa reflete o amor entre Índia e Paquistão, e demonstra que, à margem das religiões diferentes, todos devemos nos respeitar e lutar por nossos direitos", afirmou.
Malala agradeceu o apoio de sua família e de seu pai, por deixá-la "voar" e "perseguir seus objetivos", e disse que o prêmio a faz ter "mais coragem" e confiança em si mesma.
A jovem confessou que, quando foi ferida a tiros aos 15 anos sonhava em ser médica, mas agora quer ser política, "uma boa política".
"Minha mensagem às crianças de todo o mundo é que podem defender seus direitos", ressaltou ao longo de seu discurso, e acrescentou: "Este prêmio é para todas as crianças cujas vozes precisam ser escutadas".
O comitê do Prêmio Nobel destacou hoje ao conceder o prêmio a Malala seu "exemplo" e sua "luta heroica", que a transformaram em "porta-voz principal" da luta pelos direitos das meninas à educação.
A jovem recebeu três tiros - um dos quais atingiu sua cabeça - por parte de um taleban que lhe perguntou seu nome no dia 9 de outubro de 2012 quando estava em um ônibus escolar, na província paquistanesa de Khyber Pakhtunkhwa.
Malala Yousafzai, que em 2009 iniciou um blog para a "BBC" britânica sobre sua vida sob o regime taleban, passou vários dias em estado crítico até que acabou sendo levada para Birmingham, no Reino Unido, onde foi tratada no hospital Queen Elizabeth.
Desde que se recuperou, falou nas Nações Unidas, conheceu a rainha Elizabeth II, foi nomeada pela revista "Time" uma das cem pessoas mais influentes do mundo e escreveu sua autobiografia, "Eu Sou Malala".
Atualmente vive com sua família na segunda maior cidade britânica e estuda no colégio para meninas Edgbaston High School for Girls.
*Atualizada às 14h14 do dia 10/10/2014