Mundo

No México, Evo Morales afirma ter medo de uma guerra civil na Bolívia

Desde as eleições realizadas no dia 20 de outubro, a Bolívia vive uma grave crise, com pelo menos 20 mortos e mais de 500 feridos

Evo Morales concede entrevista em La Paz (David Mercado/Reuters)

Evo Morales concede entrevista em La Paz (David Mercado/Reuters)

E

EFE

Publicado em 17 de novembro de 2019 às 11h30.

Cidade do México - O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, teme que possa acontecer uma guerra civil em seu país, segundo declarou neste domingo em entrevista à Agência Efe, onde pediu aos seus compatriotas que terminem imediatamente os confrontos.

"Eu tenho muito medo. Em nosso governo, unimos o campo e a cidade, leste e oeste, profissionais e não profissionais. Agora grupos violentos estão chegando", alertou Morales, quando questionado sobre o risco de uma guerra civil na Bolívia.

O ex-presidente, que está no México após aceitar o asilo oferecido pelo governo do país, disse ter "informações em primeira mão" de que existem "paramilitares organizados" e "membros de gangues e viciados em drogas pagos" pela direita boliviana para cometer atos violentos pelas ruas do país.

Desde as eleições realizadas no dia 20 de outubro, a Bolívia vive uma grave crise, com pelo menos 20 mortos e mais de 500 feridos nos confrontos entre apoiadores e opositores de Morales.

Segundo Morales, o número seria ainda maior, pois nesta última semana, após sua renúncia no último dia 10, aconteceram pelo menos 23 "mortes por tiros".

"Peço ao meu povo, do campo ou da cidade; pobres, humildes ou ricos que têm poder econômico, que não podemos lutar uns contra os outros. Quero que eles parem esse confronto", afirmou Morales, em entrevista realizada no escritório da Efe na Cidade do México.

Ele mostrou arrependimento, lamentando ter equipado as Forças Armadas do país, que quando chegou ao poder em 2006, segundo Evo Morales, possuía apenas um helicóptero, e que agora "estão usando suas armas contra o povo".

O ex-mandatário também afirmou que alguns "poderosos" estão pagando entre 200 e 300 bolivianos (cerca de R$ 118 e R$ 177) aos trabalhadores para "cometer atos violentos", algo que muitos aceitam, já que o salário médio no país é de 120 bolivianos (cerca de R$ 70).

"Esses trabalhadores da construção preferiram bloquear e agredir, em vez de ganhar 120 bolivianos com dignidade", afirmou.

Morales também disse que em universidades públicas e privadas há professores que incentivam os alunos a "bloquear estradas o dia todo" e, em troca, os aprovam em suas matérias.

Há uma semana, Evo Morales anunciou a repetição das eleições presidenciais depois que a Organização dos Estados Americanos (OEA) revelou ter encontrado diversas irregularidades no pleito realizado no mês passado onde ele havia sido reeleito para um quarto mandato.

No entanto, pouco depois, por sugestões da polícia e das Forças Armadas, Morales renunciou à presidência depois de quase 14 anos no poder.

O governo do México anunciou que lhe foi oferecido asilo para proteger sua vida.

Acompanhe tudo sobre:BolíviaCrise políticaEvo Morales

Mais de Mundo

Trump nomeia Chris Wright, executivo de petróleo, como secretário do Departamento de Energia

Milei se reunirá com Xi Jinping durante cúpula do G20

Lula encontra Guterres e defende continuidade do G20 Social

Venezuela liberta 10 detidos durante protestos pós-eleições