Mundo

'Ninguém vai fazer um lugar bonito em cima de cadáveres ', diz Lula sobre Trump e Gaza

Em entrevista nesta manhã, chefe do Executivo respondeu à proposta do presidente dos EUA de tornar enclave local de turismo de luxo

Publicado em 6 de fevereiro de 2025 às 08h34.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2025 às 10h23.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira, 6, que "ninguém vai fazer lugar bonito em cima de um monte de cadáveres", ao falar sobre a declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a respeito da retirada de palestinos da Faixa de Gaza para que o local seja controlado pelos EUA e se transforme em uma região de turismo de luxo.

"Estamos precisando de humanismo e fraternidade. Não é possível dizer que vai jogar os palestinos em qualquer lugar. É preciso cuidar daquele povo como qualquer outro povo do mundo. Ninguém vai fazer um lugar bonito em cima de cadáveres. Essa anomalia que estamos vendo, não pode continuar. Os EUA são um país grande e poderoso, mas não são donos do mundo", disse o presidente brasileiro.

"Riviera" no Oriente Médio

Na terça-feira, 4, Donald Trump concedeu uma entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que está nos EUA até o próximo sábado, 8. Na ocasião, o republicano anunciou um plano controverso para a Faixa de Gaza, propondo que os EUA assumam o controle do território devastado pela guerra, removam sua população palestina e transformem a área em uma espécie de "Riviera" no Oriente Médio.

O projeto inclui a demolição dos escombros, a neutralização de bombas não detonadas e a criação de um polo econômico para atrair investimentos e turistas.

"A América tomará conta da Faixa de Gaza. Possuiremos e reconstruiremos a região, eliminando os destroços e transformando-a em um lugar seguro e próspero", afirmou Trump em coletiva na Casa Branca ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. O presidente também sugeriu a possibilidade de enviar tropas americanas para garantir a estabilidade no território e reforçou que o objetivo seria um "projeto de longo prazo".

A proposta de Trump foi imediatamente rejeitada por países do Oriente Médio e por líderes palestinos. Arábia Saudita, Egito, Jordânia, Catar, Emirados Árabes Unidos e a Liga Árabe condenaram a ideia, reforçando o direito dos palestinos à autodeterminação e à criação de um Estado independente.

"Rejeitamos qualquer tentativa de deslocamento forçado da população palestina e reforçamos que qualquer solução para a Faixa de Gaza deve respeitar os direitos legítimos do povo palestino", declarou o governo saudita, que vinha mantendo conversas sobre uma possível normalização das relações com Israel.

Nos Estados Unidos, a proposta também gerou fortes críticas. O senador democrata Chris Van Hollen, membro do Comitê de Relações Exteriores, classificou a ideia de Trump como "limpeza étnica com outro nome", alertando para os riscos de uma nova escalada de violência no Oriente Médio.

A Autoridade Palestina, por sua vez, enfatizou que os palestinos não aceitarão ser expulsos de suas terras e acusou Trump de agir como um "incorporador imobiliário" em vez de um líder global comprometido com a paz. "Gaza não é um pedaço de terra vazio para ser negociado", declarou um porta-voz do governo palestino.

Acompanhe tudo sobre:Luiz Inácio Lula da SilvaFaixa de GazaPalestinaDonald Trump

Mais de Mundo

Usaid: Trump desmonta agência internacional dos EUA em 2 semanas

Trump volta a defender que EUA tomem Gaza, mas diz que caberá a Israel retirar palestinos

Ministro de Israel ordena que Exército prepare plano de saída voluntária dos moradores de Gaza

Agentes do FBI tentam impedir divulgação de nomes que investigaram Trump e a invasão ao Capitólio