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Nigéria diz ter libertado 500 reféns do Boko Haram em 2 dias

Autoridades trabalham para determinar a identidade das 60 mulheres de todas as idades e quase 100 crianças, mas sua prioridade é mantê-las a salvo

Vítimas: algumas jovens foram obrigadas a combater no front com os militantes, outras viraram mulheres-bombas ou escudos humanos, e a maioria virou escrava sexual dos combatentes (AFP)

Vítimas: algumas jovens foram obrigadas a combater no front com os militantes, outras viraram mulheres-bombas ou escudos humanos, e a maioria virou escrava sexual dos combatentes (AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2015 às 18h00.

Kano - O exército nigeriano libertou desde terça-feira quase 500 reféns do Boko Haram, principalmente mulheres e meninas de todas as idades, em um ataque contra o principal reduto deste grupo islamita no nordeste da Nigéria.

Nesta quinta-feira, foram libertadas 160 mulheres e crianças após uma operação em Sambisa, região nordeste do país, dois dias depois da libertação de 293 reféns na mesma área.

"Ainda estamos tentando contar as pessoas salvas. Mas há 60 mulheres de todas as idades e quase 100 crianças", afirmou à AFP o porta-voz militar, Sani Usman.

O porta-voz do ministério da Defesa, Chris Olukolade, declarou à imprensa que o exército continuará com a operação e que "há esperança de resgatar mais reféns".

Ele acrescentou que as autoridades trabalham para determinar a identidade dos reféns, mas que a prioridade é mantê-los a salvo.

Na ação desta quinta, uma refém e um soldado morreram, enquanto oito reféns e quatro militares ficaram feridos, na operação, afirmou o porta-voz, que não divulgou um balanço de vítimas entre os integrantes do Boko Haram.

"Estas libertações são motivo de grande alegria, mas não passam da ponta do iceberg", afirmou o diretor de investigação para a África da Anistia Internacional, Netsanet Belay.

"Ainda existem milhares de meninas e mulheres, meninos e homens sequestrados pelo Boko Haram", acrescentou.

Para o enviado especial da ONU para a Educação, o ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown, em visita a Nigéria, "já é hora de acabar com o pesadelo" dos sequestros do Boko Haram, que conduz uma insurreição islamita há seis anos no norte do país.
 

Pesadelo

Na terça-feira, o exército anunciou a libertação de 200 meninas e adolescentes e 93 mulheres, que eram mantidas como reféns nos acampamentos do Boko Haram na floresta de Sambisa.

O exército não informou se entre as reféns estão algumas das 219 adolescentes sequestradas em uma escola de Chibok em 14 de abril de 2014.

O grupo islamita radical Boko Haram reivindicou o sequestro de 276 meninas de uma escola de ensino médio em Chibok, no estado de Borno, em 14 de abril do ano passado.

Cinquenta e duas meninas escaparam horas depois do ataque, mas 219 continuavam em cativeiro.

Algumas foram obrigadas a combater no front com os militantes, outras viraram mulheres-bombas ou escudos humanos, e a maioria virou escravas sexuais dos combatentes.

O líder do grupo Boko Haram, Abubakar Shekau, prometeu "casá-las" ou vendê-las como "escravas".

Nas semanas que se seguiram ao sequestro em massa, forças de segurança nigerianas e locais em Borno informaram que havia indícios de que as meninas tinham sido levadas para a Floresta Sambisa.

Mas autoridades da Defesa e especialistas concordaram que elas provavelmente teriam sido separadas nos últimos 13 meses, lançando dúvidas significativas sobre a possibilidade de que estivessem sendo mantidas juntas como um grupo.

O ataque a Chibok despertou uma atenção internacional sem precedentes ao grupo rebelde nigeriano.

Celebridades e personalidades de destaque, como a primeira-dama americana Michelle Obama, aderiram à campanha no Twitter #BringBackOurGirls (Devolvam nossas garotas, em inglês), que contou com o apoio de simpatizantes de todo o mundo.

Desde o início de 2014, quase 2.000 mulheres e adolescentes foram sequestradas pelo grupo islamita, segundo a Anistia Internacional.

A operação militar na floresta de Sambisa é parte de uma ofensiva regional nigeriana contra o Boko Haram, iniciada em fevereiro e que também conta com as participações de Níger, Chade e Camarões.

A insurreição islamita e a repressão pelas forças de segurança deixaram mais de 15.000 mortos na Nigéria e 1,5 milhão de pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas pelo conflito, segundo a ONU.

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