Um farmacêutico procura remédios em uma drogaria de Lagos, na Nigéria, em meio ao temor causado pela ameaça de epidemia do vírus ebola (Pius Utomi Ekpei/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de agosto de 2014 às 15h08.
Abuja - A Nigéria confirmou nesta quarta-feira cinco novos casos de ebola em Lagos e uma segunda morte pelo vírus, o que eleva o total de casos na maior cidade da África subsaariana a sete.
O número de mortos pela epidemia do ebola se aproxima dos mil em quatro países africanos.
O Comitê de Emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou nesta quarta-feira uma reunião de dois dias para decidir se a epidemia representa uma "emergência de saúde pública de alcance mundial", o que poderia levar a medidas em escala internacional.
O comitê anunciará a conclusão na manhã de sexta-feira.
Uma emergência de saúde pública de alcance mundial é definida como um "evento extraordinário suscetível de representar um risco de saúde pública para outros Estados, com a expansão da doença a nível internacional e que requer potencialmente uma resposta coordenada no âmbito internacional", afirma um comunicado da OMS, que tem sede em Genebra.
"A Nigéria registrou sete casos confirmados do vírus ebola", afirmou o ministro da Saúde, Onyebuchi Chukwu, após a confirmação de um segundo caso na segunda-feira.
Os mortos no país são um liberiano que chegou infectado a Lagos em 20 de julho e uma enfermeira que atendeu o paciente, segundo o ministro.
"Todos os nigerianos diagnosticados com o vírus ebola foram contatos primários de Patrick Sawyer, que trabalhava para o ministério das Finanças da Libéria e foi contagiado por sua irmã", explicou Chukwu.
Sawyer viajou a Nigéria, o país de maior população do continente africano, para participar em uma reunião de políticos do oeste da África.
Ele morreu em quarentena no dia 25 de julho e, desde então, o hospital no qual ficou internado foi isolado.
Os cinco pacientes com ebola são atendidos em um local isolado em Lagos, informou o ministro.
A epidemia de febre hemorrágica ebola matou 932 pessoas na África, segundo um novo balanço divulgado nesta quarta-feira pela OMS.
O balanço estabelecido em 4 de agosto também indica o registro de 1.711 casos em quatro países africanos: Guiné, Libéria, Serra Leoa e Nigéria.
A Arábia Saudita anunciou nesta quarta-feira a morte de um saudita com sintomas de ebola em um hospital de Jidá.
Dois americanos, um médico e uma missionária, que contraíram o vírus na Libéria, donde lutavam contra a epidemia em uma ONG humanitária, foram repatriados nos últimos dias.
Os dois foram tratados com um medicamento experimental, que nunca havia sido testado em seres seres humanos e que, aparentemente, de acordo com os médicos, citados pelo canal CNN, teve efeito milagroso, atenuando rapidamente os sintomas.
O diretor do Instituto Americano de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID), o dr. Anthony Fauci, defendeu prudência, no entanto, ao destacar que o soro tem "certa eficiência, mas apenas em dois pacientes".
Também mencionou a "enorme dificuldade" para produzir uma quantidade significativa de doses na atual etapa.
Em Serra Leoa, o presidente Ernest Bai Koroma ordenou a participação do exército na batalha contra o ebola. Soldados foram enviados par os centros que abrigam os doentes para garantir o respeito às medidas de quarentena.
O vírus é transmitido por por contato direto com o sangue, líquidos biológicos ou tecidos de pessoas ou animais infectados. A febre que provoca se manifesta fundamentalmente por hemorragias, vômitos ou diarreias. A taxa de mortalidade oscila entre 25% e 90%.