Nicarágua: 28 pessoas morreram durante os protestos (Oswaldo Rivas/Reuters)
EFE
Publicado em 24 de abril de 2018 às 15h35.
Manágua- A Polícia Nacional da Nicarágua disse nesta terça-feira que concluiu o processo de libertação dos detidos durante os protestos contra o governo de Daniel Ortega, uma das condições impostas pelos empresários e pela Igreja para iniciar um diálogo e superar uma crise que já deixou 28 mortos, segundo organizações humanitárias.
"Nossa instituição iniciou a libertação das pessoas detidas pelas graves alterações da ordem pública ocorridas nos últimos dias (...). Este processo concluiu às 8h30 do dia de hoje", disse a polícia nicaraguense em comunicado no qual não são informados números.
Os empresários condicionaram o diálogo com a mediação da Igreja proposto pelo presidente nicaraguense, Daniel Ortega, à "cessação da repressão" das manifestações contra uma reforma da seguridade social, derrubada no domingo, e à libertação dos detidos, cujo número é incerto.
A vice-presidente nicaraguense, Rosario Murillo, afirmou ontem, horas antes de uma grande manifestação nacional que pediu sua saída e a de Ortega do poder, que, por solicitação do cardeal Leopoldo Brenes, a polícia estava libertando "as pessoas que estavam detidas", sem dar um número, estabelecendo assim "as bases para o diálogo".
A polícia detalhou no seu comunicado desta terça-feira que libertou manifestantes nas cidades de Manágua, Masaya, Granada, Chinandega, León e Carazo.
Nas redes sociais começaram a aparecer hoje vídeos nos quais os manifestantes que estavam detidos relatam como foram golpeados pelos policiais, além de denunciar a detenção de menores de idade, o que está proibido pela legislação nicaraguense.
O anúncio policial da libertação de detidos aconteceu enquanto os estudantes universitários organizavam um plantão para reivindicar a liberdade dos manifestantes, no portão da prisão de El Chipote, em Manágua.
Os protestos contra o governo da Nicarágua iniciaram há sete dias como resposta à reforma da seguridade social, mas passaram a outro nível e agora os manifestantes reivindicam a saída de Ortega do poder, depois de 11 anos, com acusações de abuso de poder e corrupção.