Equipe de resgate no Japão: mau tempo também pode propagar radiação (Paula Bronstein/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 16 de março de 2011 às 11h23.
Tóquio - O intenso frio que permeia o nordeste do Japão nesta quarta-feira vem causando dificuldades aos trabalhos de resgate e prejudica a vida dos sobreviventes nas zonas devastadas pelo terremoto e posterior tsunami da última sexta-feira, que até o momento já deixou 4.164 mortos.
A neve e as baixas temperaturas elevam o risco de sofrer hipotermia, já que milhares de desabrigados estão sem cobertores ou eletricidade para ligar aquecedores.
Segundo os meteorologistas, as temperaturas cairão para 5 graus negativos nesta noite nas províncias de Miyagi e Fukushima, duas das mais devastadas pelo terremoto de magnitude 8,9 na escala Richter seguido de tsunami.
A agência de notícias "Kyodo" informou sobre essas temperaturas invernais às vésperas do início da primavera na ilha de Honshu, cuja costa oriental amanheceu nesta quarta-feira coberta de neve, o que ocultou por alguns momentos as ruínas de aproximadamente 80 mil edifícios danificados.
Outro fator agravante do mau tempo é o perigo de propagar a radiação liberada pela usina nuclear de Fukushima, já que as partículas radioativas presentes no ar da região podem ser transportadas pela neve.
Cinco dias após o grande terremoto no Japão, militares e voluntários estrangeiros continuam buscando vítimas sob os escombros e dedicam cada vez mais pessoal e recursos para ajuda humanitária e para a identificação das vítimas.
Este é um processo complicado, pois muitos corpos ficaram irreconhecíveis. Há uma quantidade tão pequena de legistas disponíveis que algumas perícias são realizadas por policiais locais, que contam com apenas com fotografias fornecidas pelas famílias e uma lista de nomes dos desaparecidos.
O ministro de Defesa do Japão, Toshimi Kitazawa, após a reunião de emergência do Governo, anunciou que 10 mil reservistas foram convocados às fileiras das Forças de Autodefesa para ajudar nos trabalhos dos soldados.
A unidade de substituição será desdobrada pela primeira vez desde a fundação em 1954 das Forças de Autodefesa, como é denominada a entidade equivalente a Exército no Japão, criada após a derrota do país na Segunda Guerra Mundial.
Enquanto isso, cerca de 100 mil pessoas puderam retornar a suas casas, mas quase 500 mil continua vivendo em abrigos à espera de serem transferidos a 33 mil casas pré-fabricadas que estão sendo habilitadas em espaços limpos dos restos da catástrofe.
A lenta volta à normalidade foi confirmada na manhã desta quarta-feira com a reabertura de várias regiões da província de Aomori, o que permitiu a retomada da pesca e a redução da escassez de alimentos frescos.
Crianças em idade escolar serão atendidas por psicólogos, já que não poderão voltar às aulas tão cedo por causa da destruição dos centros de ensino.
No entanto, ainda é patente a carência de combustível. Os blecautes são frequentes, apesar dos cortes programados de energia em outras províncias para garantir o fornecimento a todo o país.
As autoridades racionam gasolina e dão prioridade aos veículos de bombeiros, militares, policiais e de transporte de materiais de emergência, que se dirigem às regiões destruídas.
Boa parte do material procede da comunidade internacional, solidarizada com o Japão, que recebeu ofertas de ajuda de mais de 150 países, organizações humanitárias e entidades das Nações Unidas.
Assim como combustível derivado de petróleo, outra necessidade básica do momento é água potável, pois, desde sexta-feira, 1,5 milhão de pessoas estão sem acesso ao líquido. O Ministério da Saúde tenta distribuir uma frota de 300 caminhões-pipa.
Tamanha é a magnitude da tragédia que o imperador Akihito discursou nesta quarta-feira à população pela primeira vez em seus 22 anos de reinado, para motivar os desabrigados e expressar seu desejo de que a situação melhore no país.