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Netanyahu se reunirá pela primeira vez com Trump

Netanyahu e seu governo, considerado o mais à direita da história de Israel, viram na vitória de Trump o início de uma nova era

Benjamin Netanyahu: desde que tomou posse, Trump suavizou suas declarações de campanha sobre o país (GPO/Getty Images)

Benjamin Netanyahu: desde que tomou posse, Trump suavizou suas declarações de campanha sobre o país (GPO/Getty Images)

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AFP

Publicado em 13 de fevereiro de 2017 às 12h01.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deixou Israel nesta segunda-feira para encontrar Donald Trump e confrontar as promessas do ex-candidato com a realidade atual da política em desenvolvimento na Casa Branca.

Netanyahu e seu governo, considerado o mais à direita da história de Israel, viram na vitória de Trump o início de uma nova era após oito anos de tensões com a administração Obama.

No entanto, desde que tomou posse, Trump suavizou suas declarações de campanha, nas quais a direita israelense e alguns ministros do governo encontraram um incentivo para exigir uma colonização irrestrita e a anexação da Cisjordânia ocupada.

Pressionado pela direita e confrontado a investigações da polícia por supostos atos de corrupção, Netanyahu anunciou, em 20 de janeiro, a construção de mais de 5.000 casas na Cisjordânia e o primeiro novo assentamento promovidos pelo governo em mais de 20 anos.

Após se manter em silêncio por duas semanas, a Casa Branca acabou por estabelecer limites.

Na sexta-feira, em um jornal israelense, o próprio Trump declarou que não acredita que a expansão dos assentamentos seja "bom para a paz". Na mesma entrevista, o presidente americano afirmou que desejava um acordo "bom para todas as partes", mas que para isso israelenses e palestinos devem ser "razoáveis".

A mensagem é a de que Trump assinou um cheque em branco ao aliado israelense e pretende guardar suas opções para presidir um acordo, dizem os especialistas.

"Em Washington, Benjamin Netanyahu irá testar a sua margem de manobra sobre a colonização", afirmou à AFP Marc Heller, cientista político do Instituto de Estudos de Segurança Nacional (INSS).

"Em três semanas, Donald Trump empregou discursos diferentes, é preciso agir com cautela", sugere Michael Oren, vice-ministro da diplomacia no gabinete do primeiro-ministro.

Estas observações são direcionadas ao ministro da Educação, Naftali Bennett, líder do partido religioso Lar Judeu e que lidera as reivindicações pela colonização e anexação.

No sábado, ele pediu abertamente ao primeiro-ministro que aproveite uma "oportunidade histórica" para informar Trump que já não apoia a criação de um Estado palestino que coexista com Israel, solução de dois Estados que é defendida pela comunidade internacional.

Irã e Hezbollah

Netanyahu respondeu durante uma reunião de seu gabiente no domingo que pretendia afirmar a Trump seu apoio a uma solução de dois Estados, denunciando a má vontade palestina, informou a imprensa israelense.

"Netanyahu deve apresentar a solução de dois Estados como uma visão e esboço, à espera de possíveis acordos provisórios aceitáveis com os palestinos", acrescentou Michael Oren.

Quanto à transferência da embaixada americana em Jerusalém, Mark Heller e a maioria dos comentaristas acreditam que este tema é "marginal, na medida em que tal promessa é improvável de ser mantida".

Netanyahu pretende se concentrar no Irã, considerado inimigo número um de Israel. Ele foi um dos mais ferozes críticos do acordo celebrado em 2015 entre Teerã e as grandes potências sobre o programa nuclear iraniano, chamando-o de "erro histórico".

No mesmo sentido, Trump proclamou, durante sua campanha eleitoral, que o acordo era "o mais estúpido" que já conheceu.

"Mas a questão nuclear está longe de ser a única razão para preocupação com o Irã: Netanyahu explicou ao presidente americano que os Estados Unidos devem agir para evitar uma presença militar permanente do Irã na Síria, perto da fronteira israelense, que possa constituir uma ameaça estratégica", ressalta o funcionário.

O ministro dos Transportes de Israel Katz também considerou que o Irã é o "assunto central" porque "ao se estabelecer de forma durável na Síria com o apoio do Hezbollah, o Irã vai formar um eixo territorial ligando seu território ao Líbano, passando pelo Iraque e pela Síria, o que não colocaria em risco a situação de Israel".

"Assegurar , antes de tudo, a segurança política de Israel será o elemento central" de seu encontro com Trump, afirmou Netanyahu no domingo.

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