Benjamin Netanyahu durante anúncio oficial sobre a posição de Israel (ROBERTO SCHMIDT/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 15 de outubro de 2024 às 18h07.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta terça-feira, 15, que Israel deve sua existência à vitória na guerra árabe-israelense de 1948, e não à aprovação de sua criação pela ONU. A declaração foi uma resposta a comentários do presidente francês, Emmanuel Macron.
“Um lembrete para o presidente da França: não foi a resolução da ONU que estabeleceu o Estado de Israel, mas a vitória obtida na guerra de independência com o sangue de combatentes heroicos, muitos deles sobreviventes do Holocausto, inclusive do regime de Vichy”, que colaborou com a ocupação nazista da França (1940-1944), afirmou Netanyahu em um comunicado.
Mais cedo, segundo fontes presentes no Conselho de Ministros, Macron advertiu que Netanyahu não deve “se eximir das decisões da ONU”, ressaltando que a resolução das Nações Unidas foi essencial na criação de Israel.
“O senhor Netanyahu não deve se esquecer que seu país foi criado por uma decisão da ONU”, disse o presidente francês, referindo-se ao plano de partilha da Palestina aprovado em novembro de 1947, que previa a criação de um Estado judeu e outro árabe.
Macron enfatizou ainda que “não é o momento de se eximir das decisões da ONU”, especialmente enquanto Israel conduz uma ofensiva terrestre contra o movimento islamista pró-iraniano Hezbollah no sul do Líbano, onde estão mobilizados capacetes azuis da ONU.
A resolução 1701 do Conselho de Segurança das Nações Unidas determina que apenas o Exército libanês e a Unifil, missão de paz da ONU, podem se mobilizar no sul do Líbano e prevê o cessar-fogo na região. No entanto, Netanyahu acusou o Hezbollah de utilizar “as instalações e posições da Unifil como cobertura para realizar ataques” contra Israel.
No domingo, 13, Netanyahu pediu ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que colocasse os capacetes azuis “sob proteção imediata”. A Unifil, composta por 10.000 militares, incluindo 700 franceses, relatou “violações chocantes” de Israel e denunciou a entrada forçada de dois tanques israelenses em uma de suas posições próximas à fronteira.
O Exército israelense informou que um de seus tanques se chocou contra um posto da Unifil enquanto evacuava soldados feridos. A situação eleva a tensão na fronteira, onde a missão de paz busca evitar uma escalada do conflito.
A crescente tensão no sul do Líbano reforça a necessidade de respeito às resoluções da ONU, de acordo com a Unifil.
No cenário atual, o conflito entre Israel e o Hezbollah evidencia os desafios das forças de paz da ONU na região, colocando em xeque os acordos vigentes e a segurança na área fronteiriça.