Irã: "negociações do G5+1 com o Irã estão indo no caminho errado", diz Israel (VAHID REZA ALAEI/AFP/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de setembro de 2014 às 10h44.
Jerusalém - O governo de Israel expressou nesta quarta-feira "sua profunda preocupação" com a nova rodada de negociações que as principais potências mundiais manterão em breve em Nova York com o Irã e pediu ao grupo 5+1 que evite um "acordo ruim".
"É preferível que não haja acordo do que se alcance um mau acordo", disse em entrevista coletiva o ministro de Assuntos de Inteligência israelense, Yuval Steinitz, que se mostrou cético sobre a possibilidade de Teerã fazer as concessões que a comunidade internacional exige.
Steinitz mencionou entre elas o desmantelamento de mais de 19 mil centrífugas e do reator de água pesada de Arak. "O Irã não mostrou até agora nenhuma flexibilidade nestes dois assuntos principais", afirmou o ministro.
Segundo Steinitz, embora o "tom" do governo de Hassan Rohani seja "diferente", na "substância" é o mesmo do de Mahmoud Ahmadinejad.
O ministro viajará em breve para a Assembleia Geral da ONU para defender a postura de seu país e acabou de retornar dos Estados Unidos, onde participou de uma rodada de consultas com o governo americano.
Steinitz afirmou que as "negociações do G5+1 com o Irã estão indo no caminho errado".
O ministro argumentou que qualquer acordo que não inclua essas duas condições básicas deixarão o Irã muito perto de produzir uma bomba nuclear.
Para o político, isto teria consequências durante décadas para toda a região, pois outros países do Oriente Médio pediriam para também ter o direito de possuir tecnologia nuclear.
Segundo Steinitz, países como Argélia, Egito e Arábia Saudita reivindicarão seu direito e "não será possível dizer não".
O ministro contou que solicitou ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que cumpra com sua máxima de que "a falta de acordo é melhor que um mau acordo", e que se apegue, ao lado de outras potências, "aos princípios" fixados inicialmente.
"Um acordo ruim seria um fracasso. Um não acordo abriria a porta para um bom acordo no futuro", afirmou.
O temor de Israel neste momento é que questões mais urgentes no cenário internacional, entre as quais o ministro mencionou a crise da Ucrânia, a guerra na Síria e a guerra contra o Estado Islâmico (EI) no Iraque, levem as potências ocidentais a aceitar apressadamente um acordo com Teerã que não contemple as duas condições básicas.
"Um acordo sob estas circunstâncias criará um mundo perigoso", afirmou Steinitz, para quem é necessário enfrentar tanto o EI como o perigo de um Irã nuclear.
"Israel apoia a coalizão internacional contra o EI, mas esta não deve ser feita à custa da luta contra o projeto nuclear do Irã. É preciso parar aos dois", sentenciou.