Crianças palestinas comem pão achatado em cima de um veículo carregado de pertences enquanto se preparam para fugir de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em direção a uma área mais segura, em 12 de maio de 2024, em meio ao conflito em curso entre Israel e o grupo militante Hamas (Divulgação/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 31 de outubro de 2024 às 11h30.
Última atualização em 31 de outubro de 2024 às 11h50.
Negociadores americanos se reunirão com seus homólogos israelenses nesta quinta-feira, 31, para tentar alcançar uma trégua que permita encerrar o conflito entre Israel e o movimento Hezbollah no Líbano e a guerra contra o grupo islamista palestino Hamas em Gaza.
Os enviados Amos Hochstein e Brett McGurk viajarão para Israel a menos de uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos. A visita ocorre em meio a uma ofensiva aérea e terrestre contra as posições do Hezbollah no Líbano e enquanto os bombardeios continuam na Faixa de Gaza, palco de uma guerra que começou há mais de um ano.
Um alto comandante do Hamas, que governa o território palestino, insistiu que o grupo rejeita qualquer proposta de trégua temporária.
Mas no Líbano, o primeiro-ministro Najib Mikati manifestou otimismo quanto à possibilidade de alcançar uma trégua "nas próximas horas ou dias". O novo líder do Hezbollah, Naim Qassem, também declarou que aceitaria um cessar-fogo sob certas "condições".
Fontes governamentais citadas pela imprensa israelense afirmam que o plano negociado por Washington inclui a retirada das forças do Hezbollah para uma área a 30 quilômetros da fronteira.
Os militares israelenses também deixariam o Líbano, onde intensificaram sua ofensiva aérea em 23 de setembro e lançaram uma incursão terrestre uma semana depois.
De acordo com o plano, o Exército libanês seria responsável por manter a fronteira segura, juntamente com as forças de manutenção da paz da ONU. O Líbano, por sua vez, seria encarregado de impedir que o Hezbollah se reforce com armas importadas e Israel preservaria seus direitos a agir em legítima defesa, segundo o direito internacional.
Em Gaza, as tropas israelenses continuam bombardeando o Hamas, que desencadeou a guerra com o seu ataque de 7 de outubro de 2023 no sul de Israel. Os combatentes islamitas mataram 1.206 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem baseada em dados oficiais israelenses.
Dos 251 sequestrados neste dia, 97 permanecem em cativeiro em Gaza, mas 34 foram declarados mortos pelo Exército.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e iniciou uma sangrenta ofensiva contra Gaza que já deixou mais de 43.200 mortos, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do grupo islamista palestino, considerados confiáveis pelas Nações Unidas.
"O Hamas apoia o fim definitivo da guerra, não um fim temporário", declarou à AFP Taher al Nunu, um alto dirigente do movimento islamista, em referência ao plano apresentado por Estados Unidos e Catar, dois mediadores.
"A ideia de uma trégua temporária na guerra, para depois retomar a agressão, é algo sobre o qual já manifestamos nossa posição", declarou à AFP.
Os mediadores esperavam que uma breve trégua permita a entrada de mais ajuda humanitária em Gaza, cercada por Israel, e que, posteriormente, um cessar-fogo permanente seja negociado. Mas é provável que as tréguas cheguem primeiro ao Líbano.
"No norte [de Israel] existe a possibilidade de uma conclusão definitiva", disse Herzi Halevi, comandante do Estado-Maior de Israel, na semana passada.
Contudo, Qassem afirmou que seu grupo apenas aceitaria um cessar-fogo sob determinadas "condições", embora tenha afirmado que ainda não havia nenhum acordo viável.
O novo líder do Hezbollah foi nomeado na terça-feira, após o assassinato de seu antecessor, Hassan Nasrallah, em um bombardeio israelense em setembro.
Após ter enfraquecido o Hamas em Gaza, Israel anunciou, em meados de setembro, que estava deslocando a maior parte de suas operações para o norte, na fronteira libanesa, onde o Hezbollah abriu uma frente de apoio ao grupo palestino em 8 de outubro de 2023.
O objetivo de Israel, segundo as autoridades, é neutralizar o Hezbollah nesta região fronteiriça e permitir que 60.000 pessoas deslocadas retornem ao norte do país.
Nesta quinta-feira, o Exército israelense emitiu ordens de saída em várias zonas do sul do Líbano, incluindo a de refugiados palestinos de Rashidieh.
Os alertas, geralmente seguidos de bombardeios, constituem um "crime de guerra suplementar", denunciou o primeiro-ministro libanês.
Pelo menos cinco pessoas morreram no norte de Israel nesta quinta-feira quando foram atingidas por disparos procedentes do Líbano, segundo as autoridades.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) também alertou que o conflito matou pelo menos uma criança por dia no Líbano no último mês.
Desde 23 de setembro, pelo menos 1.754 pessoas foram mortas no Líbano, de acordo com um balanço da AFP com base em dados do Ministério da Saúde libanês.