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Negociações para a paz na Síria são retomadas em Genebra

Desde o início de 2016, quatro rodadas de negociações foram realizadas, mas sem encontrar uma solução para este conflito que já fez mais de 320 mil mortos

Síria: o conflito sírio provocou até agora mais de 320.000 mortos e obrigou quase cinco milhões de pessoas a abandonar o país (Khalil Ashawi/Reuters)

Síria: o conflito sírio provocou até agora mais de 320.000 mortos e obrigou quase cinco milhões de pessoas a abandonar o país (Khalil Ashawi/Reuters)

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AFP

Publicado em 23 de março de 2017 às 15h21.

As difíceis negociações de paz para a Síria foram retomadas nesta quinta-feira, em Genebra, promovidas pela ONU, com representantes de Damasco e da oposição, incapazes, até agora, de alcançar uma solução para o conflito, que entrou em seu sétimo ano.

Na ausência do enviado especial da ONU para a Síria, Staffan De Mistura, em missão diplomática em várias capitais, o seu adjunto, Ramzy Ezzeldin Ramzy, foi encarregado de receber as delegações que chegaram na quarta-feira.

"Hoje começamos discussões preliminares com o governo (sírio), mas vamos conversar com outros participantes durante o dia para preparar as discussões de amanhã", declarou Ramzy após se reunir com a delegação do governo em um hotel perto do aeroporto de Genebra.

A delegação oficial é liderada por Bashar al-Jaafari, embaixador da Síria na ONU em Nova York.

Ramzy deve encontrar em outro hotel em Genebra os delegados do Alto Comitê de Negociações (HCN), composto por grupos-chave da oposição e dirigido por Nasr al-Hariri.

De Mistura, que estará na sexta-feira no Palácio das Nações, esteve em Moscou na quarta e em Ancara nesta quinta. A Rússia, que apoia Damasco, e a Turquia, próxima da oposição, patrocinam o atual cessar-fogo.

Quatro rounds sem resultados

Quatro rodadas de negociações foram realizadas em Genebra desde o início de 2016, mas sem encontrar uma solução para este conflito que, em seis anos, fez mais de 320.000 mortos e milhões de deslocados.

A última, em fevereiro, estabeleceu uma agenda clara - luta contra o terrorismo, governança (termo utilizado para discutir uma transição política), Constituição, eleições -, mas este programa parece excessivamente ambicioso dado o abismo entre as duas partes.

Como nas precedentes negociações, as discussões serão indiretas com De Mistura como intermediário e moderador.

Mas sua tarefa será difícil, porque de acordo com analistas e diplomatas, a oposição e, especialmente, o regime não parecem dispostos a fazer concessões.

A oposição continua a exigir a saída do presidente sírio, Bashar al-Assad, como pré-condição para as negociações. Por sua vez, Damasco quer que a "luta contra o terrorismo" - termo usado pelo governo para designar todos os seus adversários - seja prioridade.

Analistas pessimistas

Os analistas são pessimistas sobre o resultado das conversas. Desde a intervenção militar na Síria de seu poderoso aliado russo no final de 2015, o regime do presidente Assad inverteu completamente a situação, com uma série de vitórias sobre os rebeldes e os extremistas islâmicos.

Em dezembro, o exército assumiu recuperou toda a cidade de Aleppo, a sua vitória mais importante.

"Essas negociações são muito difíceis", argumenta uma fonte diplomática francesa. "A oposição está dividida e temos visto uma degradação de suas forças ante o regime".

"Em minha opinião, não haverá acordo político como tal, ou apenas um acordo meramente formal", acredita Yezid Sayigh, do Centro Carnegie sobre Oriente Médio.

Do lado da oposição, até recentemente apoiada pelos Estados Unidos, a dúvida reina, uma vez que a administração de Donald Trump não forneceu qualquer sinal de envolvimento na busca de uma solução ao conflito sírio.

Neste contexto, o frágil cessar-fogo, em vigor desde dezembro, se encontra ameaçado por várias ofensivas rebeldes e extremistas no leste Damasco e no centro do país.

"Estes ataques (...) demonstram claramente que esses grupos e os países que os apoiam querem seguir recorrendo ao terrorismo como arma política", comentou nesta quinta-feira o jornal pró-regime Al Watan.

O conflito sírio provocou até agora mais de 320.000 mortos e obrigou quase cinco milhões de pessoas a abandonar o país.

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