Mercosul: negociações com UE envolvem política, cooperação e livre comércio (Marlos Bakker/Viagem e Turismo)
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2011 às 16h11.
Bruxelas - A União Europeia (UE) e os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) concluíram nesta sexta-feira uma nova rodada de negociação para um acordo de associação sem ter conseguido ainda, mais de um ano após retomar as conversas, pôr sobre a mesa ofertas concretas para o acesso de seus produtos aos mercados.
Em maio de 2010, durante uma cúpula UE-Mercosul em Madri, as duas partes se comprometeram a retomar as negociações para sua associação, que estavam suspensas desde 2004 devido à falta de avanços paralelos na Rodada de Doha para a liberalização do comércio mundial.
A rodada de trabalho concluída nesta sexta-feira em Bruxelas já é a sexta que os blocos mantêm desde então, sem progredir em um aspecto essencial para conseguir seu objetivo de liberar seus fluxos comerciais: a troca de ofertas de acesso aos mercados.
As dúvidas de alguns países europeus sobre o impacto que o tratado pode ter em sua produção agrícola seguem freando o processo.
Em comunicado conjunto divulgado à imprensa ao término das reuniões, os chefes negociadores europeus e sul-americanos reiteraram o compromisso de alcançar um acordo de associação "global, equilibrado e ambicioso".
Os trabalhos ficaram concentrados nos três pilares do acordo: o diálogo político, a cooperação e o livre-comércio. Em relação ao diálogo político e a cooperação, a UE e os países do Mercosul afirmaram que alcançaram avanços em diferentes áreas e conseguiram "entender melhor a posição de cada um".
Por outro lado, os grupos de trabalho responsáveis pelo pilar comercial se focaram mais uma vez nos aspectos normativos do texto, sem mencionar as ofertas. Segundo o comunicado, os blocos obtiveram "progressos consideráveis", especialmente nos capítulos de serviços e investimento e resolução de disputas, e abordaram também o desenvolvimento sustentável.
Além disso, todos os capítulos foram revisados pelos chefes negociadores, João Aguiar Machado por parte da UE e Álvaro Ons pelo Mercosul.
Fontes europeias declararam à Agência Efe que não haverá troca de ofertas até que a Comissão Europeia conclua as avaliações sobre o impacto do futuro acordo na agricultura da UE, que depois serão examinados pelos Estados-membros e pelo Parlamento Europeu.
Alguns países como França, Bélgica, Irlanda e Polônia se mostram reticentes em relação aos impactos no mercado de carne bovina, uma vez que o acordo outorga vantagens a países que são líderes mundiais em sua produção.
Por sua parte, representantes da Confederação Nacional de Indústria do Brasil, do Foro Empresarial União Europeia-Mersocul, da confederação europeia, BusinessEurope; e das câmaras de comércio europeias, EuroChambres; solicitaram em comunicado conjunto a aceleração das negociações.
Representantes destas organizações se reuniram ao longo da semana com os chefes negociadores europeus e sul-americanos e pediram mais rapidez na "troca de ofertas" e lembraram do risco de os atrasos afetarem a confiança das empresas no tratado.
"Uma rápida e bem-sucedida conclusão do tratado de livre-comércio UE-Mercosul reduzirá a incerteza para companhias e investidores", consideraram.
As próximas rodadas de negociação acontecerão em Montevidéu, entre os dias 7 e 11 de novembro e, em Bruxelas, no primeiro trimestre de 2012.