Chaminés da usina nuclear de Arak, ao sul de Teerã, no Irã: negociações sobre programa nuclear iraniano se intensificaram (Majid Saeedi/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2014 às 16h30.
Viena - A apenas 13 dias do fim da data-limite para assinar um acordo sobre o programa nuclear iraniano, Teerã e as grandes potências realizaram nesta terça-feira um novo contato importante para tentar aparar as arestas, especialmente relacionadas à fabricação de urânio enriquecido.
Os principais chefes negociadores, Catherine Ashton, comissária da diplomacia europeia, e o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammed Yavad Zarif, tiveram seu segundo encontro nesta semana para analisar os avanços feitos até agora na cúpula negociadora que começou em 2 de julho.
Essa é a sexta vez neste ano que o Irã e o Grupo 5+1 (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha) se reúne, dentro do roteiro pactuado em novembro para fechar em 20 de junho um acordo definitivo.
Além dos encontros políticos, houve reuniões técnicas sobre os vários aspectos do acordo que precisa assegurar que o Irã não quer nem está em condições de desenvolver em médio prazo uma arma nuclear.
O urânio enriquecido, um combustível de uso militar e civil, é um dos pontos mais conflituosos.
O presidente da Organização de Energia Atômica iraniana, Ali Akbar Salehi, afirmou hoje que seu país precisa de pelo menos 7 mil centrífugas para enriquecer o urânio de que a usina nuclear de Busher precisa.
O Ocidente, por sua vez, insiste que o Irã deve reduzir ao máximo seu programa de enriquecimento de urânio ao entender que não é imprescindível que fabrique este material de forma autônoma.
A união mantida até o momento dentro do Grupo 5+1 parece ter sofrido alguma rachadura, segundo assinalou hoje em Paris o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius.
Fabius disse que nos últimos dias surgiram 'posturas diferentes' entre "parte do G 5+1 e nossos parceiros russos".
De Viena, fontes ligadas à delegação russa informaram à Efe que Moscou não quer sejam feitas exigências excessivas ao Irã - ou que superem os padrões internacionais de controle nuclear.
Essas fontes disseram que não se pode tratar o Irã como um "empestado".
Já nas rodadas de conversas que no ano passado permitiram o começo das negociações diretas para o acordo, a França se mostrou mais exigente inclusive que os Estados Unidos em relação aos limites que o Irã devia aceitar sobre seu programa atômico.
Nesse ambiente, fontes diplomáticas ocidentais informaram à agência austríaca 'APA' que é possível que os ministros das Relações Exteriores dos países do G5+1 vão em breve a Viena dar impulso às negociações.
A missão dos EUA na ONU em Viena não quis confirmar nem desmentir à Efe a possibilidade de o secretário de Estado, John Kerry, ir nos próximos dias à capital austríaca para participar do processo de negociação.