Pelo menos cinco navios que afundaram na batalha do Mar de Java, durante a Segunda Guerra Mundial, estão desaparecendo. (Jason Fowler/Flickr)
Gabriela Ruic
Publicado em 11 de fevereiro de 2017 às 19h20.
Última atualização em 11 de fevereiro de 2017 às 19h24.
Pelo menos cinco navios que afundaram na batalha do Mar de Java, durante a Segunda Guerra Mundial, estão desaparecendo. Dois deles eram embarcações holandesas e o país já encomendou uma investigação enorme para entender o que está acontecendo.
Os Países Baixos, na época, controlavam partes da Indonésia que estavam sob ataque dos japoneses. Os outros três navios que estão sumindo eram do próprio Japão: são chamados de naufrágios das Tigelas de Arroz, por conta da carga de mantimentos que carregavam, e se tornaram famosos entre mergulhadores.
Isso porque os navios afundados se tornaram a “casa” de todo um ecossistema de vida marinha, como se fossem um recife de coral. Assim, o local se tornou um paraíso para quem gosta de mergulhar. Mas, recentemente, os próprio mergulhadores contaram ao jornal The Guardian que só resta cerca de 2% daquilo que eram os navios.
Enquanto as embarcações holandesas simplesmente sumiram, os navios japoneses se tornaram uma pequena bola de sucata e ferro velho – o que praticamente confirmou a teoria que os navios estavam sendo saqueados por grupos que pretendem aproveitar o metal que está lá embaixo, como aço, alumínio e latão. As hélices de propulsão dos navios seriam o material mais valioso: bronze fosforado.
Não se trata de simplesmente roubar fios de cobre para vender: os navios estão cheios dos restos mortais dos soldados combatentes, o mais próximo de um túmulo que eles puderam ter.
Aí é que o desaparecimento dos navios vira uma questão política. Os princípios do direito internacional consideram que os navios naufragados são posse do seu país de origem, em respeito aos seus mortos e sua história, e devem ser protegidos pelo país dono do território onde afundaram.
A Holanda, que tem até uma fundação de proteção à sepulturas de guerra, quer explicações para o sumiço dos seus navios. Já no caso do Japão, foi um flagrante: a mergulhadora Monica Chin foi chamada por pescadores que viram uma empresa chinesa guinchar para a superfície a maior parte dos navios japoneses. Chin foi atrás da empresa, que tinha sido contratada pelo departamento de arqueologia da Universidade Malaysia Sabah, que é da Malásia, país responsável por proteger o navios. A mergulhadora foi protestar com a universidade, que admitiu que a autorização tinha sido irregular e cortou ligações com a empresa chinesa.
A essa altura, porém, tudo que sobrou desses museus submersos era sucata. Mesmo assim, o alerta é importante: estima-se que mais de 100 navios naufragados estejam espalhados pela região, se tornando um lar para dezenas de espécies marinhas, guardando a história da Segunda Guerra e as vítimas do conflito.
Texto publicado originalmente no site Superinteressante.