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EUA diz que navios do governo não vão pagar para cruzar Canal do Panamá; Autoridade local nega

Mudança foi comunicada pelo Departamento de Estado do país em uma rede social

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Agência de notícias

Publicado em 6 de fevereiro de 2025 às 06h37.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2025 às 08h00.

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Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira, 5, que seus navios governamentais vão ter permissão para navegar gratuitamente pelo Canal do Panamá, após forte pressão do presidente Donald Trump.

"Os navios do governo dos Estados Unidos agora podem transitar pelo Canal do Panamá sem taxas de cobrança, economizando milhões de dólares por ano", escreveu o Departamento de Estado em uma publicação na plataforma X.

Este é o primeiro anúncio público de promessas sugeridas pelo secretário de Estado americano Marco Rubio, que assinalou que o Panamá tinha oferecido concessões durante as conversas que manteve no país centro-americano no domingo.

Rubio assinalou ter dito ao Panamá que era injusto para os Estados Unidos estar na posição de defender o canal e, além disso, ser cobrado por seu uso.

Desde que venceu a eleição presidencial de novembro, Trump se recusou a descartar o uso da força para tomar o canal, por onde passa 40% do trânsito de contêineres dos Estados Unidos.

Trump e Rubio reclamaram do investimento chinês — incluindo portos em ambos os lados do canal — dizendo que Pequim poderia fechar a hidrovia para os Estados Unidos em uma crise.
O Panamá, por sua vez, negou veementemente as reiteradas alegações de Trump de que a China tem algum papel na operação do canal.

Panamá nega isenção de tarifas

Poucas horas depois da publicação do Departamento de Estado, o Canal do Panamá desmentiu também na quarta-feira, 5, que o país centro-americano concordou em não cobrar navios americanos pelo trânsito pela hidrovia interoceânica, um anúncio feito após a visita do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em meio à pressão do presidente Donald Trump.

"Em resposta a uma publicação divulgada pelo Departamento de Estado dos EUA, a Autoridade do Canal do Panamá, que tem autoridade para definir pedágios e outras taxas para transitar pelo Canal, anuncia que não fez nenhum ajuste aos mesmos", anunciou a agência em comunicado.

A Autoridade do Canal do Panamá (ACP), independente por mandato constitucional do governo panamenho, acrescentou, no entanto, em um tom conciliatório, que com "absoluta responsabilidade" está "pronta para estabelecer um diálogo com as autoridades americanas relevantes com relação ao trânsito de navios de guerra dos EUA".

Também na quarta-feira, o Pentágono informou que o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, havia comentado durante uma ligação no dia anterior com o ministro de Segurança Pública do Panamá, Frank Abrego, sobre o interesse dos EUA em "garantir acesso irrestrito" ao Canal e "mantê-lo livre de interferência estrangeira".

A conversa ocorreu em meio à tensão entre as duas nações após o apelo do presidente dos EUA, Donald Trump, para "retomar" o controle do Canal do Panamá devido à suposta influência chinesa na hidrovia.

Em resposta a isso, o governo panamenho concordou em não renovar o acordo de cooperação com a China sobre a nova Rota da Seda, entre outras medidas.

Menos de um milhão de dólares por ano

A Autoridade do Canal do Panamá já havia adiantado no último domingo a Marco Rubio que trabalharia com a Marinha dos EUA para "otimizar o trânsito prioritário de suas embarcações" pela hidrovia interoceânica, embora não tenham sido fornecidos mais detalhes.

"A Autoridade do Canal do Panamá comunicou ao secretário Rubio sua disposição de trabalhar com a Marinha dos EUA para otimizar o trânsito prioritário de seus navios pelo Canal", disse a organização em um comunicado logo após a visita do chefe da diplomacia americana ao canal, onde se reuniu com o administrador, Ricaurte Vásquez.

Trump baseia suas ameaças na suposta presença da China na hidrovia que liga os oceanos Atlântico e Pacífico e no tratamento "injusto" dos navios dos EUA, apesar das evidências das informações oficiais do Panamá, que mostram que os navios americanos pagam as mesmas tarifas que os outros, de acordo com o tratado de neutralidade.

De acordo com dados recentemente fornecidos à Agência EFE pelo Canal do Panamá, de 1998 até o final do ano fiscal de 2024 (26 anos), de um total de 373.039 navios que transitam pelo canal, 994 (0,3%) correspondem a trânsitos de navios de guerra e submarinos da Marinha dos EUA.

"Nesse período, a receita de trânsito desse conceito foi de US$ 25,4 milhões, o que equivale a menos de um milhão de dólares por ano", detalhou.

Desde a inauguração da hidrovia em 1914, os pedágios pagos por navios de guerra de qualquer país, incluindo os Estados Unidos, são calculados com base nas toneladas máximas de deslocamento de água, bem como para dragas e docas secas flutuantes, de acordo com a ACP. Essa estrutura de pedágio é diferente da usada para definir pedágios para embarcações comerciais.

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