Mundo

Navio com mercadorias vindo de Miami para Cuba atrasa

Problemas administrativos ao tramitar os documentos para atracar no porto de Havana foram a causa da demora da chegada do "Ana Cecilia"

Miami: Navio saiu da cidade americana com direção à Cuba (Wikimedia Commons)

Miami: Navio saiu da cidade americana com direção à Cuba (Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de julho de 2012 às 22h06.

Havana - O navio americano ''Ana Cecilia'', com uma carga de mercadorias consideradas como ajuda humanitária, prevê chegar a Cuba nesta sexta-feira, com um atraso de 24 horas, para abrir um serviço de envios semanais entre Miami e Havana inédito nos últimos 50 anos.

Problemas administrativos ao tramitar os documentos para atracar no porto de Havana foram a causa da demora da chegada do ''Ana Cecilia'', que zarpou na quarta-feira do porto fluvial de Miami (EUA), explicou à Agência Efe por telefone Leonardo Sánchez, porta-voz da International Port Corporation (IPC), companhia encarregada do envio.

Sánchez disse que a previsão é que o navio chegue nesta sexta-feira ao porto de Havana após executar a documentação requerida pelas autoridades cubanas.

O navio era esperado nos píeres do Terminal de Contêineres de Havana (TCH) desde as primeiras horas desta quinta-feira, mas ainda não era possível avistá-lo nesta tarde do litoral da capital cubana.

O ''Ana Cecilia'' pretende inaugurar um serviço semanal de transporte de artigos catalogados como ajuda humanitária a Cuba e constitui o primeiro envio marítimo direto de mercadorias entre Miami e Havana em mais de cinco décadas.

A companhia IPC tem as licenças exigidas pelo Departamento de Comércio dos EUA e pelo Escritório de Controle de Bens Estrangeiros (Ofac) do Departamento do Tesouro americano para realizar esses envios.


Por meio deste serviço, está permitido o transporte de todo tipo de mercadorias consideradas por Washington como ajuda humanitária, o que inclui um amplo catálogo de artigos e produtos como remédios, alimentos, roupas, eletrodomésticos, móveis, materiais de construção, peças de veículos e geradores elétricos.

Segundo o porta-voz de IPC, grande parte do material é enviada por comerciantes e moradores das áreas de Little Havana e Hialeah, em Miami, com grande proporção de população cubana. ''Trata-se da primeira carga direta que sai para lá há 50 anos'', assinalou Sánchez, que qualificou o novo serviço como ''histórico''.

Este novo serviço foi interpretado por alguns setores nos Estados Unidos como uma mostra de certa flexibilização nas relações com Cuba, no contexto de suavização de algumas restrições em matéria de remessas e viagens à ilha nos últimos anos.

Em Cuba, não houve reações oficiais à abertura deste novo serviço de envios desde Miami. A imprensa da ilha - toda controlada pelo Estado - sequer informou sobre a chegada do ''Ana Cecilia''.

Algumas vozes na ilha consideram, no entanto, que se trata de um passo ''muito positivo'' porque ''tudo o que melhorar as relações com os EUA é bom, principalmente que vai significar uma ajuda às famílias de Cuba'', disse à Agência Efe o economista independente e Oscar Espinosa Chepe.


''Além de criar um ambiente muito bom, ajuda do ponto de vista político, porque acaba com a desculpa do setor mais reacionário e ultrapassado do governo cubano, que usa o embargo como pretexto para impedir melhoras da relação bilateral'', avaliou o analista.

Os destinatários dos envios poderão recolhê-los no porto de Havana, mas também há a oportunidade opcional de entrega fora de casa através da empresa cubana Cubapack, indicam os responsáveis dos envios. Até agora, os envios só eram feitos através de terceiros países, o que podia demorar entre 30 e 60 dias.

Em fevereiro passado, completaram-se 50 anos do embargo aprovado pelo então presidente americano, John F. Kennedy. Cuba alega que o prejuízo direto decorrente da sanção ronda os US$ 104 bilhões.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaCubaMiamiNaviosTransportes

Mais de Mundo

À espera de Trump, um G20 dividido busca o diálogo no Rio de Janeiro

Milei chama vitória de Trump de 'maior retorno' da história

RFK Jr promete reformular FDA e sinaliza confronto com a indústria farmacêutica

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde