Os familiares das vítimas se dirigiram às margens do Meghna para acompanhar de perto os trabalhos de resgate (AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2012 às 11h35.
Nova Délhi - Dezenas de pessoas morreram nesta terça-feira e mais de uma centena continuam desaparecidas após o naufrágio de um navio de passageiros em uma região fluvial do centro de Bangladesh, onde os trabalhos de resgate se estenderam durante todo o dia.
O fato ocorreu durante a madrugada no rio Meghna na passagem pelo distrito de Munshiganj, quando um petroleiro investiu contra a embarcação de passageiros MV Shariatpur-1, que afundou rapidamente, contaram testemunhas.
Cerca de 50 passageiros conseguiram se salvar a nado ou foram resgatadas por outras embarcações, disse à Agência Efe um policial. No início da tarde, jornais e TVs locais, citados por fontes oficiais, informavam sobre a recuperação de 31 corpos.
As equipes encontraram os corpos flutuando na região de Char Kishori do rio Meghna, onde também localizaram partes da embarcação acidentada afundada a 20 metros de profundidade, contou a Efe um policial.
'Ainda não conseguimos inspecioná-lo', reconheceu.
O navio, que transportava os passageiros em dois pavimentos diferentes, partiu na segunda-feira à noite da localidade de Naria, no distrito de Shariatpur, e se dirigia à capital do país, Daca, quando ocorreu o acidente.
'Os passageiros estavam dormindo quando o acidente aconteceu. Entre 25 e 30 pessoas sobreviveram graças à ajuda de uma lancha. Oito membros da minha família continuam desaparecidos', contou à imprensa o sobrevivente Dulal Dewan.
O que continua sendo alvo de dúvidas é o número de pessoas que estavam a bordo da embarcação, porque em Bangladesh os operadores não costumam fazer listas de passageiros e a maioria dos viajantes compra bilhetes já a bordo.
O superintendente da Polícia do distrito, Shafiqul Islam, estimou os desaparecidos em 100, embora fontes não oficiais tenham elevado entre 150 e 200 os passageiros, mas o Dewan, um dos sobreviventes, contabilizou em 250 os passageiros.
'A verdade é que há poucas possibilidades de encontrar pessoas com vida', afirmou o superintendente de Polícia.
Para as margens do Meghna se dirigiram familiares das vítimas para acompanhar de perto os trabalhos de resgate.
Participam dos trabalhos uma divisão da Guarda Costeira de Bangladesh, o Batalhão de Ação Rápida, a Polícia e os bombeiros, além de uma embarcação, o MV Rustom, encarregado de localizar os restos do navio afundado.
Para a região também foi o ministro de Navegação, Shahkahan Khan, que anunciou ajudas de equivalente a US$ 366 para cada uma das famílias das vítimas e US$ 550 para os familiares com mais de um morto.
Além disso, a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, expressou nesta terça-feira sua 'profunda estupefação' diante das mortes no naufrágio, e pediu às autoridades que acelerem as operações de resgate.
O transporte fluvial é chave na economia de Bangladesh, um país sulcado por grandes rios e canais cuja superfície se encontra praticamente ao nível do mar.
O mal estado dos navios e as precárias medidas de segurança são motivo frequentes de acidentes: dados da Autoridade Nacional de Transporte de Águas Fluviais em Bangladesh contabilizam que entre 1977 e 2010 ao menos 4.047 pessoas morreram em 396 acidentes em rios.
As pesquisas após os acidentes revelaram em muitos casos que os navios transportavam passageiros além da capacidade das embarcações.
O Governo formou um comitê composto por cinco analistas para investigar a tragédia, encarregado de fazer um relatório depois de cinco dias.