Embarcações acompanham naufrágio do Sewol: das 476 pessoas que estavam no navio, apenas 172 se salvaram e 284 corpos já foram recuperados (KIM HONG-JI/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2014 às 06h24.
Seul - O naufrágio da balsa Sewol no litoral sudoeste da Coreia do Sul completa um mês nesta sexta-feira com o país ainda de luto, enquanto os serviços de resgate tentam recuperar os últimos 20 corpos do interior do navio, de um total de 304 mortos no acidente.
Com condições meteorológicas relativamente favoráveis, os mergulhadores retomaram as buscas, enquanto dezenas de familiares das vítimas permanecem na cidade litorânea de Jindo à espera de notícias de seus entes queridos.
Das 476 pessoas que estavam no navio, apenas 172 se salvaram e 284 corpos já foram recuperados, a maioria de estudantes de 16 e 17 anos de um instituto de ensino médio da de Ansan, na periferia de Seul.
O ambiente de luto presente em toda Coreia do Sul se nota especialmente nessa cidade, onde os funerais se multiplicaram no último mês, depois que 260 alunos e professores morreram no acidente.
Centenas de milhares de pessoas foram até o local prestar suas homenagens diante de um grande altar de flores.
Os laços amarelos, símbolo de solidariedade com a tragédia, continuam marcando presença por todo o país, especialmente no centro de Seul, onde estão acompanhados por mensagens de condolências como uma constante lembrança da gravidade do ocorrido.
O naufrágio não provocou apenas tristeza e desolação na sociedade e entre os familiares das vítimas, mas também causou indignação pela forma como o governo conduziu a crise, acusado de ter agido tarde demais, de não ter se esforçado o suficiente, de não ter um bom sistema de prevenção e de proporcionar informações erradas.
Em plena tempestade política, os familiares chegaram inclusive a organizar uma manifestação em frente à sede do Executivo, em Seul, e a chefe de Estado, Park Geun-hye, teve que pedir desculpas e reconhecer os erros do governo em até duas ocasiões.
Enquanto as investigações continuam, o capitão e outros três tripulantes foram acusados ontem de homicídio por terem supostamente abandonado o navio e se recusado a dar uma ordem de evacuação para os passageiros.
Ao invés disso, pediram que os mesmos permanecessem no interior da balsa durante o naufrágio.
Segundo os resultados preliminares da investigação, o acidente pode ter sido causado por uma manobra brusca que deslocou a carga para um dos lados de embarcação, desestabilizando-a e fazendo com que afundasse.
Além disso, o navio transportava uma carga superior ao dobro da permitida e tinha menos água de lastro, que é captada do mar para garantir a segurança operacional da embarcação e sua estabilidade.
Nas últimas semanas, vários responsáveis pela empresa dona da balsa, Cheonghaejin Marine, foram detidos, enquanto uma investigação foi iniciada sobre a companhia que, constantemente, não respeitava o limite de carga de seus navios e é suspeita de envolvimento em casos obscuros de transações ilegais.