Maduro decretou o início do Natal para 1º de outubro (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 27 de outubro de 2024 às 14h59.
Última atualização em 27 de outubro de 2024 às 15h04.
Já é "Natal" na Venezuela: árvores, luzes, canções. O presidente Nicolás Maduro decretou a antecipação da festividade após sua reeleição há três meses, que a oposição insiste ter sido fraudulenta, enquanto aposta em uma pressão internacional cada vez menor para reivindicar sua vitória.
A autoridade eleitoral, acusada pela oposição de estar a serviço do chavismo, proclamou Maduro vencedor para um terceiro mandato consecutivo de seis anos com 52% dos votos, sem publicar os detalhes da contagem de votos, como é exigido por lei. A instituição alega que seu sistema foi hackeado e seu site ainda está fora do ar.
A oposição liderada por María Corina Machado apresenta outros números, 70% para o candidato da oposição Edmundo González Urrutia, e publicou cópias de mais de 80% das atas de votação em um site, cuja validade é rejeitada pelo partido governista.
Machado está na clandestinidade e González Urrutia partiu para o exílio na Espanha.
A cerimônia posse está marcada para 10 de janeiro de 2025 no Parlamento controlado pelos chavistas.
Apesar das alegações da oposição, “não há elementos objetivos para acreditar que seja possível reverter a proclamação de Nicolás Maduro”, diz Giulio Cellini, diretor da empresa LOG Consultancy.
Em silêncio. Após o anúncio dos resultados, os protestos eclodiram e foram duramente reprimidos pelas forças de segurança, com um balanço de 27 mortos - incluindo dois militares - e 200 feridos.
Mais de 2.400 pessoas foram presas, inclusive menores de idade, e acusadas de “terrorismo”.
Maduro decretou o início do Natal em 1º de outubro, uma medida que virou piada nas redes sociais.
“É uma distração para que as pessoas não pensem no que está acontecendo”, diz Fabiola Lam, uma estudante de 22 anos.
O governo comemora que “a paz triunfou”, embora o medo de detenções continue palpável, Muitas pessoas evitam falar sobre política.
Maduro tem o apoio fundamental das Forças Armadas, que juraram “lealdade absoluta” a ele.
Limitada, embora Estados Unidos, União Europeia e vários países latino-americanos não reconheçam a reeleição de Maduro.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, um aliado histórico do chavismo, bloqueou a entrada da Venezuela nos Brics por uma "quebra de confiança" ao não apresentar um apuração transparente, segundo o ex-ministro das Relações Exteriores e assessor presidencial Celso Amorim.
Brasil e Colômbia lideraram os esforços para uma solução negociada para a crise pós-eleitoral, mas sem sucesso.
Nos Estados Unidos, a candidata democrata Kamala Harris descartou o uso de força militar para forçar Maduro a deixar o cargo, caso vença a eleição presidencial, e disse que manteria a política de sanções.
“A vontade do povo deve ser respeitada”, disse Kamala ao canal Telemundo.
“Maduro sabe que vários países ocidentais tomarão medidas diplomáticas em resposta à sua posse, mas ele acha que essa pressão internacional e o isolamento podem ser contornados”, diz Mariano de Alba, especialista em direito internacional e diplomacia.