Tripulação da Columbia: Columbia, primeiro ônibus espacial a ser lançado ao espaço, em abril de 1981, se desintegrou durante sua reentrada na atmosfera (AFP)
Da Redação
Publicado em 31 de janeiro de 2013 às 19h47.
Washington - A Nasa lembra nesta sexta-feira os 10 anos do acidente com o ônibus espacial Columbia, no qual morreram os sete astronautas a bordo, uma tragédia que marcou o início do fim dos voos de ônibus espaciais e levou à reformulação do programa espacial dos Estados Unidos.
O chefe da agência espacial americana, Charles Bolden, e outros altos funcionários participarão de uma cerimônia no cemitério militar de Arlington, Virgínia (leste), perto de Washington, onde também prestarão homenagens a outros mortos em incidentes relacionados com a explosão do veículo espacial.
A Nasa recordará os sete astronautas falecidos na explosão do Columbia, em 1º de fevereiro de 2003, os três astronautas da Apolo 1, mortos em um incêndio durante um exercício em janeiro de 1967, bem como os sete tripulantes do Challenger.
O ônibus espacial Challenger explodiu em 28 de janeiro de 1986, 73 segundos depois de ser lançado do Centro Espacial Kennedy, na Flórida (sudeste).
O Columbia, primeiro ônibus espacial a ser lançado ao espaço, em abril de 1981, se desintegrou durante sua reentrada na atmosfera. O escudo térmico de uma de suas asas sofreu danos com o impacto de uma peça de espuma isolante que tinha se soltado do tanque externo da nave pouco após seu lançamento, duas semanas antes.
Depois deste acidente, o governo do presidente George W. Bush decidiu por fim ao programa dos ônibus espaciais, embora tenha permitido aos três restantes voar até 2011 para dar tempo para concluir a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), cumprindo assim com os compromissos dos Estados Unidos com seus sócios, disse à AFP John Logsdon, ex-diretor do Instituto de Política Espacial da Universidade George Washington.
Logsdon integrou a comissão nacional que investigou o acidente.
O programa do ônibus espacial esteve a ponto de ser encerrado antes, lembrou o especialista. Em julho de 2005, durante o primeiro voo de um ônibus espacial desde o acidente do Columbia, o mesmo problema que havia sido fatal para esta nave se repetiu, mas sem que o pedaço de espuma isolante separado do tanque externo terminasse perfurando o escudo térmico.
A frota de ônibus espaciais ficou parada em terra durante quase um ano e o governo Bush avaliou seriamente por fim ao programa, explicou Logsdon. Mas o presidente acabou cedendo às pressões dos parceiros internacionais para completar a ISS.
A Nasa soube muito cedo, após os primeiros voos dos ônibus espaciais, nos anos 1980, que estas naves não seriam um acesso simples e barato à estação orbital, afirmou Logsdon.
"Penso que - nas palavras da comissão de investigação do acidente - não substituir o ônibus espacial foi um fracasso dos líderes políticos", razão pela qual os Estados Unidos ficaram confinados a uma órbita baixa durante 30 anos, disse.
Mas segundo este especialista, "o erro fundamental foi cometido em 1971 e 1972, quando se decidiu desenvolver uma nave espacial que combinasse transporte de tripulação e carga". Para ele, teria sido melhor e menos caro separá-los.
A cápsula espacial Orion, que está sendo desenvolvida para missões tripuladas à ISS, à Lua, a asteroides e a Marte, tem um sistema de segurança que permite que a tripulação fique separada do veículo de lançamento, algo que os ônibus espaciais não tinham.
Desde o último voo de um ônibus espacial, em julho de 2011, os Estados Unidos precisa usar as naves espaciais russas Soyuz para transportar astronautas à estação orbital, pagando US$ 60 milhões por assento.
Em 2010, o presidente Barack Obama pôs em andamento um programa de incentivo ao setor privado para desenvolver sistemas para transporte de carga e astronautas à ISS.
A SpaceX, uma das empresas selecionadas, já completou com sucesso os dois primeiros voos de sua cápsula Dragon, levando e trazendo de volta carga da ISS.