Especialistas disseram que é crucial assegurar que o recipiente de aço do reator não tenha sido afetado pela explosão ou pelo terremoto (Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de maio de 2011 às 09h02.
Bruxelas - O Japão não deve testemunhar uma repetição do desastre nuclear de Chernobyl após uma explosão ter rompido o telhado de uma de suas usinas nucleares, danificada por um grande terremoto, disseram especialistas neste sábado (12).
O reator Daiichi 1, ao norte da capital Tóquio, começou a vazar radiação depois que o terremoto de magnitude 8,9 causou um tsunami, prontamente levantando temores quanto a um derretimento nuclear. Mas especialistas afirmaram que as fotos de uma névoa sobre a usina sugerem que apenas pequenas porções de radiação foram liberadas, como parte das medidas para assegurar a estabilidade do reator, muito diferente das nuvens radioativas que saíram de Chernobyl quando houve a explosão, em 1986.
"A explosão no grupo de geradores número 1 da usina nuclear de Fukishima, no Japão, que ocorreu hoje, não será uma repetição do desastre nuclear de Chernobyl," disse Valeriy Hlyhalo, vice-diretor do centro de segurança nuclear Chernobyl. Ele disse à agência de notícias Interfax que reatores japoneses são melhor protegidos do que os de Chernobyl, onde pouco mais de 30 bombeiros foram mortos na explosão. Pior acidente nuclear civil da história, Chernobyl também causou a morte de milhares de pessoas, que adoeceram devido à radiação.
"Além disso, esses reatores são desenhados para trabalhar em uma zona altamente sísmica, embora o que aconteceu vá além do impacto que as usinas foram projetadas para resistir," afirmou Hlyhalo. "Portanto, as consequências não devem ser tão sérias quanto foram após o desastre nuclear de Chernobyl." Autoridades japonesas disseram neste sábado que o núcleo do reator estava intacto, e que água do mar seria jogada no reator que esta vazando para resfriá-lo e reduzir a pressão na unidade, um comunicado que deve acalmar os temores de um acidente nuclear.
Especialistas disseram que é crucial assegurar que o recipiente de aço do reator não tenha sido afetado pela explosão ou pelo terremoto.
"Se o recipiente de pressão, que comporta de verdade o combustível nuclear... se ele estava para explodir, é basicamente o que aconteceu em Chernobyl, você terá uma liberação enorme de material radioativo," afirmou o professor Paddy Regan, físico nuclear da Universidade Surrey, na Grã-Bretanha.