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Não há técnica que evite pilotos suicidas, diz especialista

Após jovem piloto alemão deliberadamente derrubar Airbus, pilotos e psicólogos alertam que não há maneira infalível para evitar incidentes semelhantes


	Casa de copiloto: acidente motivou pedidos de exames de saúde e de estresse mental mais rigorosos para os pilotos
 (REUTERS/Ralph Orlowski)

Casa de copiloto: acidente motivou pedidos de exames de saúde e de estresse mental mais rigorosos para os pilotos (REUTERS/Ralph Orlowski)

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2015 às 09h55.

Cingapura/Sydney - Enquanto os investigadores avaliam por que um jovem piloto alemão deliberadamente derrubou um Airbus A320 nos Alpes franceses na terça-feira, pilotos e psicólogos alertaram que não há maneira infalível para evitar incidentes semelhantes.

Todas as 150 pessoas a bordo do voo 4 U 9525 da companhia aérea alemã Germanwings morreram depois que o primeiro oficial Andreas Lubitz, de 27 anos, trancou a porta da cabine, assumiu o controle do avião e o tirou da altitude de cruzeiro, jogando-o para baixo.

O jornal alemão Bild informou nesta sexta-feira que Lubitz recebeu tratamento psiquiátrico por um "grave episódio depressivo" há seis anos.

O acidente motivou pedidos de exames de saúde e de estresse mental mais rigorosos para os pilotos.

A Organização da Aviação Civil Internacional (Icao), órgão da Organização das Nações Unidas que define as normas mundiais da aviação, recomenda que alguém com depressão não pilote um avião.

Mas também afirma em seu Manual de Medicina de Aviação Civil que testes psicológicos de membros de tripulação “raramente têm valor” e não são “confiáveis” na previsão de transtornos mentais.

Companhias aéreas asiáticas, incluindo a Cathay Pacific, a Japan Airlines, a Qantas Airways e a e Singapore Airlines disseram que candidatos a piloto passam por um rigoroso exame médico que inclui um teste psicológico.

Depois, o pilotos devem passar por um check-up médico, que abrange alguns testes psicológicos, pelo menos uma vez por ano.

Eles também têm acesso a serviços de aconselhamento confidenciais, acrescentaram as companhias aéreas. Mas analistas e pilotos dizem que isso pode ser insuficiente.

"As pessoas ficam com medo de não poderem retomar seus postos de trabalho", afirmou Gail Saltz, professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina Weill Cornell, em Nova York.

Nova exigência

Um capitão experiente de uma companhia aérea asiática acrescentou: "Eles perguntam sobre a sua saúde mental, sobre eventos que possam afetá-lo psicologicamente, mas quem por vontade própria admite qualquer coisa que possa levar a uma suspensão de sua licença? Eu não faria isso. Preciso do meu emprego".

Os pilotos são incentivados a avaliar os colegas durante os voos e sessões de treinamento em simulador, e falar abertamente se notaram quaisquer potenciais problemas, disse um comandante de um A320 de uma companhia asiática. Mas ele acrescentou que essa é uma questão delicada.

"Você quer trabalhar em um lugar onde os seus colegas ficam passando informações sobre você? É por isso que isso raramente acontece", disse ele.

"Todo mundo tem problemas e alguns lidam com isso melhor do que outros. Nem todo mundo vai lidar com isso espatifando um avião. Isso é uma reação extrema, e ninguém pode prever."

O especialista em medicina aeronáutica David Powell, da Nova Zelândia, comentou que foram relacionados apenas dez acidentes aéreos envolvendo questões médicas em um estudo do Icao sobre acidentes em todo o mundo ao longo de 20 anos.

"Você poderia garantir de forma confiável que nunca haverá um piloto que, de repente, deliberadamente, derrube um avião?" disse ele. "Os pilotos são um grupo altamente selecionado e amplamente avaliado, mas quem pode prever totalmente o comportamento dos seres humanos?"

Várias companhias aéreas estão respondendo ao problema com a exigência de que um segundo membro da tripulação fique na cabine do piloto todo o tempo – medida que já é obrigatória nos Estados Unidos.

"Nunca deixe uma pessoa sozinha. Essa é provavelmente a técnica mais eficaz de prevenção do suicídio que existe", disse Tony Catanese, um psicólogo clínico em Melbourne, Austrália.

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