Uma gravação revela que Schettino se negou a voltar ao navio para liderar a evacuação dos passageiros do Costa Concordia (Enzo Russo/AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2012 às 10h08.
Praga - Francesco Schettino, o comandante do Costa Concordia, que naufragou na sexta-feira, declarou em 2010 ao jornal tcheco Dnes que não gostaria de ter estado no lugar do comandante do Titanic, e elogiou os esforços do colega em prol da segurança dos passageiros.
"Eu não gostaria de estar no lugar do capitão do Titanic, ter que navegar num oceano de icebergs", declarou Schettino nesta entrevista de dezembro de 2010 que o jornal tcheco reproduziu na segunda-feira em seu site.
"Mas acho que, graças à preparação, você pode lidar com qualquer situação e lidar com problemas em potencial", acrescentou o capitão na entrevista que deu ao jornalista que se encontrava num cruzeiro com ele. "A segurança dos passageiros é fundamental", enfatizou na ocasião.
Um telefonema gravado entre a capitania dos portos e o comandante do "Costa Concordia", que naufragou na noite de sexta-feira passada no litoral italiano, revela que Schettino se negou a voltar ao navio para liderar a evacuação dos passageiros, informou a imprensa italiana nesta terça-feira.
Exatamente à 01H46 (local), quando centenas de pessoas ainda permaneciam no navio, um oficial da capitania ordenou ao capitão Schettino que voltasse ao "Costa Corcordia": "Agora vá até a proa, suba pela escada de socorro e coordene a evacuação. Você precisa nos dizer quanta gente ainda está lá, se há crianças, mulheres, passageiros, o número exato de cada categoria".
"O que você está fazendo? Abandonou o socorro?" - pergunta o oficial. "Capitão, é uma ordem, eu estou no comando agora e você, que declarou abandono do navio, precisa ir até a proa, voltar a bordo e coordenar" a evacuação.
O oficial da capitania pergunta se "há mortos" e Schettino responde: "quantos?". O oficial se irrita e emenda: "É você que deve me dizer se há mortos. O que está fazendo? Quer ir para casa?".
"Agora você volta lá e nos diz o que podemos fazer, quantas pessoas estão lá, quais são suas necessidades" - ordena o oficial da capitania.
Segundo testemunhas, o capitão Schettino já estava em terra antes da meia-noite, provavelmente por volta das 23H40 (local).