“A noção de consentimento é mais clara na cabeça de um adulto, mas não é na de uma criança”, diz a psicóloga da Girl Scouts (Jupiterimages/Thinkstock)
Ligia Tuon
Publicado em 2 de dezembro de 2017 às 16h33.
Última atualização em 4 de dezembro de 2017 às 09h23.
São Paulo - Quem nunca, quando criança, abraçou um parente ou amigo da família única e exclusivamente por insistência de algum familiar? A Girl Scout (garotas escoteiras, na tradução livre) pede que esse costume dos mais velhos em eventos sociais seja reavaliado. Do contrário, segundo a organização, a criança pode desenvolver uma ideia errada sobre consentimento e afeição física.
A publicação feita no blog da Girl Scout explica que, dizendo à criança que ela deve a alguém um abraço - seja porque ela não vê uma pessoa há um tempo ou porque alguém lhe deu um presente - pode fazer com que ela ache mais tarde que "deve" a outra pessoa qualquer tipo de afeição física, se alguém lhe pagar um jantar ou fizer qualquer gesto aparentemente agradável.
A publicação foi feita num contexto em que centenas de mulheres vêm a público para denunciar o assédio sexual que já sofreram. Principalmente no meio do cinema.
"A noção de consentimento é mais clara na cabeça de um adulto, mas não é na de uma criança", diz a psicóloga da Girl Scouts, Andrea Bastiani Archibald. "As lições que as meninas aprendem quando são jovens sobre a definição de limites físicos podem influenciar a forma como elas se sentem sobre si mesmas e seu corpo enquanto envelhecem".
O conselho da diretoria do Girl Scout é permitir que a criança tenha seu espaço e decida que tipo de manifestação afetiva quer ter com cada familiar. Em outras palavras: deixe rolar. "Existe outras maneiras de mostrar afeto e amor que não envolvem contato físico".