As eleições legislativas foram antecipadas pelo presidente francês no começo do mês (Pascal Rossignol/Reuters)
Publicado em 30 de junho de 2024 às 20h30.
Última atualização em 1 de julho de 2024 às 15h23.
A explicação está na vantagem obtida pelo grupo liderada por Marine Le Pen, menor que a projetada. O RN conquistou o primeiro lugar com 33,2% dos votos, segundo pesquisas de boca de urna. Levantamento da Ipsos, publicado na sexta-feira, 28, porém, indicava que o grupo teria em torno de 36% das intenções de voto.
O cenário reforça o quadro de incerteza que deve tomar a política francesa nos próximos dias, antes do segundo turno do pleito. Pelos discursos logo após as projeções iniciais, os partidos de centro-direita, liderados pelo presidente Emmanuel Macron, e a Nova Frente Popular, coalizão de partidos de esquerda, devem somar forças para evitar que o RN alcance uma maioria absoluta na Assembleia Nacional.
Os dois grupos ficaram com a segunda e terceira posições neste primeiro turno. A Nova Frente Popular obteve 28,1% e a aliança de centro-direita, 21%.A ausência de uma base sólida, pendendo para um lado ou para o outro, pode deixar a política francesa sem rumo - e impactar o euro. Na agenda de Le Pen, por exemplo, está a intenção de adotar uma política fiscal expansiva, o que pode pesar as dívidas já elevadas do país e adicionar mais turbulência à moeda comum europeia.
As eleições legislativas foram antecipadas por Macron em 9 de junho, após a vitória contundente do RN nas eleições europeias na França. Agora, o presidente corre o risco de compartilhar o poder com um governo de ideologia política diferente, a menos de um mês do início dos Jogos Olímpicos de Paris.
Na reta final, os rivais do RN tentaram alertar para o risco de chegada ao poder da extrema-direita. O grupo tem feito esforços na última década para moderar a imagem herdada de seu fundador Jean-Marie Le Pen, conhecido por seus comentários racistas.
"Ceder-lhe qualquer poder significa nada menos do que correr o risco de ver como tudo o que foi construído e conquistado ao longo de mais de dois séculos e meio se desfaça gradualmente", alertou o jornal Le Monde.
Durante a marcha do Orgulho LGBTQIAPN+, que reuniu dezenas de milhares de pessoas em Paris no sábado, muitos também carregaram faixas contra a extrema direita. "Agora é ainda mais importante combater o ódio em geral, em todas as suas formas", disse Themis Hallin-Mallet, estudante de 19 anos.
Socialistas, comunistas e ambientalistas, aliados do partido radical A França Insubmissa (LFI) na coalizão de esquerda NFP, já avisaram que retirarão os seus candidatos no segundo turno, caso fiquem na terceira posição, para dar ao candidato oficial mais chances contra a extrema-direita.