Giuseppe Conte (Rita Franca/NurPhoto/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de agosto de 2019 às 14h33.
Última atualização em 28 de agosto de 2019 às 15h37.
São Paulo - A direção do Partido Democrático (PD) da Itália decidiu nesta quarta-feira retirar o veto à manutenção de Giuseppe Conte no cargo de primeiro-ministro - uma exigência do Movimento 5 Estrelas (M5S), liderado por Luigi Di Maio.
Além disso, permitiu que seu secretário nacional, Nicola Zingaretti, transmitisse ao presidente do país, Sergio Mattarella, a disposição da sigla de "verificar as condições políticas e programáticas e contribuir para dar vida a um novo governo".
Agora pouco, o porta-voz da presidência confirmou que Mattarella convidou Conte para um encontro amanhã de manhã (horário local), quando a formação deste novo governo deve ser anunciada formalmente.
Il Presidente #Mattarella ha convocato per le ore 9.30 di domani al Palazzo del #Quirinale il professor Giuseppe #Conte
— Quirinale (@Quirinale) August 28, 2019
"Hoje, após a temporada consumida pela crise desejada pela Liga, Giuseppe Conte será o candidato indicado pelo 5-Estrelas para a liderança de um governo fundado sobre plano e programa diferentes", afirmou Zingaretti aos correligionários.
"Nós reconhecemos nessa escolha a decisão autônoma do partido com maioria relativa nesta legislatura. Com essa vontade, o M5S reivindica, e é legítimo, a presidência (do Conselho de Ministros) do governo."
Segundo Zingaretti, o modelo adotado pelo M5S com A Liga até a implosão do governo foi "um erro" e, portanto, não será replicado numa eventual aliança do partido de Luigi Di Maio com o PD. O que haverá, afirmou o secretário nacional da sigla, é "o retorno a uma prática normal de dividir um programa e de uma visão, um horizonte comuns".
O consenso entre os grupos dá fim a uma crise política que ameaçou a estabilidade na Itália nos últimos dias e frustra os planos de Matteo Salvini, líder do partido A Liga e então ministro do Interior de Giuseppe Conte. Até o início de agosto, o governo da Itália era dirigido pela coalizão entre o M5E e A Liga, mas a aliança foi implodida por Salvini.
Na ocasião, a justificativa do político para o fim da parceria entre os grupos políticos foi a de que haviam diferenças irreconciliáveis. Por trás disso, no entanto, estava uma estratégia de Salvini de aproveitar o bom momento do seu partido ante os eleitores e forçar uma nova eleição geral que poderia alçá-lo ao posto de primeiro-ministro.
O ato gerou uma crise política num momento delicado para a Itália, que precisa se organizar para aprovar o Orçamento de 2020. Além disso, resultou no anúncio da renúncia de Conte da posição de primeiro-ministro, que seguirá na liderança.
Sobre a nova coalizão, Salvini desferiu duras críticas, como era de se esperar. O líder da Liga, disse a Itália deve realizar eleições antecipadas e demonstrou que se posicionará na oposição. “Um eventual governo entre o M5E e o PD tem Salvini como inimigo”, disse ele, com sua exaltação usual.
Ao que tudo indica, os planos de Salvini não deram certo e ele terá de esperar mais um pouco até que chegue a sua vez de disputar o governo. As próximas eleições gerais na Itália devem acontecer só em 2023. Contando, é claro, que nenhuma outra crise política abale o país antes desta data.