Christiana Figueres, da UNFCCC, participa da abertura da COP18 em Doha: Pregadores e principais líderes religiosos do Islã – se envolveram em ações contra as mudanças climáticas (REUTERS/Fadi Al-Assaad)
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2012 às 15h39.
São Paulo - Depois da última Convenção do Clima, realizada na África do Sul em 2011, chegou a vez do Qatar que, de 26/11 a 07/12, receberá representantes de cerca de 190 países para participar da COP18 ou 18ª. Conferências das Partes da Convenção de Mudanças Climáticas, organizada pela ONU, na cidade de Doha.
Acontece que a situação por lá é bastante delicada já que o país é o maior emissor de gás carbônico per capita do planeta. Com apenas 1,6 milhão de habitantes – menos do que a cidade de Manaus, no Amazonas, que tem 1,7 milhão de pessoas –, a monarquia absolutista emite 53,5 toneladas de CO2 por pessoa todos os anos.
A boa notícia é que já tem gente se mobilizando para reverter essa situação: os imames - pregadores e principais líderes religiosos do Islã – se envolveram em ações contra as mudanças climáticas. Para lembrar as pessoas da responsabilidade que todos têm de cuidar do planeta, eles pretendem ajudar com o que sabem fazer melhor: pregar.
Durante a COP18, mais de 150 mesquitas – local de culto para os seguidores do Islã – no Qatar vão ecoar versos do Alcorão que falam sobre o meio ambiente. E não há o menor risco de os fiéis se enjoarem da pregação: existem mais de 1.500 versos “ecológicos” que os imames podem entoar durante esses sermões tão especiais. Assim, eles esperam incitar a população a adotar práticas mais sustentáveis no seu dia a dia, como evitar o desperdício de água e não derrubar árvores.
Para levar a preocupação ambiental ao público e tornar a Convenção das Nações Unidas mais conhecida e inclusiva, as mesquitas definiram um calendário de ação: em 27/11, os sermões falarão sobre preservação dos recursos naturais e a redução do consumo de energia; as mudanças climáticas vão ser o assunto religioso do dia 30/11; e em 04/12, grupos especiais se reunirão para difundir ainda mais a mensagem.
Não vai dar para ver tão cedo o resultado de tanta pregação, mas quem sabe os efeitos dessa ação podem ajudar a compor um cenário de menos impactos até a Copa do Mundo de 2022, quando os olhos do mundo estarão mais uma vez – e fanaticamente – voltados para o Qatar.
Será que a religião pode contribuir para reduzir os efeitos das mudanças climáticas?