Martin Guzman, ministro argentino, e Julie Kozack, do FMI: reunião para decidir o futuro da dívida argentina em Buenos Aires (Ministry press office/Handou/Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de fevereiro de 2020 às 06h47.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2020 às 07h12.
São Paulo — O drama da dívida pública da Argentina pode ganhar um novo capítulo hoje. Nesta quarta-feira, 19, termina o prazo para as negociações entre o governo argentino e a missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) enviada a Buenos Aires na semana passada para discutir os termos da dívida do país.
As conversas têm sido acompanhadas com atenção pelo mercado financeiro. O governo do presidente Alberto Fernández espera renegociar as condições de pagamento da linha de crédito de 57 bilhões de dólares que o FMI concedeu à Argentina em 2018, ainda no governo do ex-presidente Mauricio Macri. Desse montante, a Argentina tomou emprestado 44 bilhões de dólares, e uma parte dessa dívida vence já este ano.
A expectativa da Casa Rosada é que o FMI leve em conta a difícil situação econômica e social da Argentina e faça concessões no pagamento da dívida. O país vive uma combinação de recessão, inflação alta e um aumento expressivo da pobreza e do desemprego nos últimos anos.
A dívida da pública da Argentina tem um valor equivalente a mais de 300 bilhões de dólares, bem acima das reservas internacionais do país, de cerca de 44 bilhões de dólares.
A renegociação dos prazos e condições de pagamento da dívida tem sido uma prioridade do presidente Alberto Fernández desde que tomou posse em dezembro.
Em janeiro e fevereiro, Fernández fez um giro pela Europa onde se encontrou com líderes da Alemanha, da França e da Itália, em busca de apoio para a renegociação.
Até ontem, as expectativas do mercado financeiro não eram boas. De acordo com o site de notícias econômicas Infobae, a falta de informações sobre o andamento das reuniões entre o FMI e o governo deixaram os investidores apreensivos, fazendo cair o valor dos títulos públicos argentinos. O risco-país da Argentina subiu para 2.064 pontos.
Na semana passada, o governo argentino desistiu de realizar uma nova emissão de títulos por causa da falta de interesse de investidores. A decisão ocorreu após a Argentina adiar para setembro o pagamento de papéis denominados em pesos que venceriam no último dia 13, no valor de 1,47 bilhão de dólares.
No domingo, a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, negou em uma entrevista a possibilidade de uma reestruturação profunda da dívida com a Argentina, alegando que a medida contraria o regulamento da entidade.
A declaração foi dada após a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, dizer que o FMI deveria anular a dívida do país. O presidente Alberto Fernández apoiou a afirmação da sua vice. É em meio a essa tensa relação que o FMI deve divulgar nesta quarta o resultado das conversas em Buenos Aires.