Macri: na busca pela reeleição, presidente escolheu peronista para vice como forma de atrair votos do centro (Kyodo/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de julho de 2019 às 06h21.
Última atualização em 12 de julho de 2019 às 06h55.
As eleições na Argentina estão começando oficialmente. Tem início nesta sexta-feira, 12, a campanha oficial dos candidatos à presidência do país, pouco mais de três meses antes do primeiro turno das eleições, em 27 de outubro. Os argentinos escolherão também 130 deputados, 24 senadores e governadores de algumas províncias, como Buenos Aires.
Para a presidência, há dez pré-candidatos aventados até agora, mas a disputa ficará mesmo entre a chapa do atual presidente de centro-direita, Mauricio Macri, no poder desde 2015, e de Alberto Fernández, candidato na chapa de centro-esquerda que tem a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-15) como vice.
Neste primeiro momento, as chapas concorrerão às primárias de suas respectivas coalizões (que acontecem em 11 de agosto), até serem oficializados como candidatos em setembro. As primárias que começam hoje, contudo, serão mais momento de campanha do que uma real competição interna. Tanto Macri (na coalizão Juntos por el Cambio, com oito partidos) quanto Kirchner (da Frente de Todos, com 16 partidos) já foram contestados no início do ano, mas conseguiram convencer suas coalizões.
Macri e Kirchner fizeram movimentos tentando angariar votos para além de suas bases eleitorais mais fiéis. Macri escolheu de forma inesperada o peronista Miguel Pichetto como vice. Kirchner aceitou ser vice e escolheu para cabeça de chapa Alberto Fernandez, que, embora tenho feito parte de seu governo e do marido, Nestor, deixou a base de apoio no passado sendo crítico aos Kirchner. Kirchner também ganhou apoio de outro ex-aliado, o deputado Sergio Massa, que chegou a flertar com a candidatura à Presidência e poderia tirar valiosos votos de sua chapa.
Macri parece ter levado a melhor em sua aposta até agora. Depois de indicar Pichetto para vice, suas intenções de voto subiram e ele passou a empatar as pesquisas com Fernández, com votos na casa dos 40% para cada no primeiro turno e vitória no segundo, embora com empate técnico.
Ajuda na campanha de Macri o fato de que Kirchner está sendo julgada por corrupção e que, na visão dos analistas, “o pior já passou” para a economia argentina. Também conta o fato de o principal candidato da terceira via e do centro, o ex-ministro da Economia e responsável pela recuperação econômica argentina no início dos anos 2000, Roberto Lavagna, não ter engrenado e estar com menos de 10% das intenções de voto.
Assim, a situação de Macri melhorou em relação ao começo do ano, quando o presidente foi alvo de mais de cinco greves-gerais. Até maio, ele podia nem sequer concorrer à reeleição em virtude da alta rejeição, e chegaram a ser apontados nomes como os da governadora de Buenos Aires, María Eugenia Vidal. A situação melhorou. Mas com inflação de mais de 50% nos últimos doze meses e queda de 1,2% na economia projetada para 2019, o caminho até outubro é longo.