Dilma e Lula: "Agora temos outra forma de golpe que já não precisa do Exército para destituir políticos legitimamente eleitos" (Ueslei Marcelino/Reuters)
EFE
Publicado em 14 de novembro de 2017 às 17h36.
Berlim - A ex-presidente Dilma Rousseff denunciou nesta terça-feira em Berlim, na Alemanha, a existência de um golpe político-judicial conduzido pelo liberalismo latino-americano para tentar conter a volta do também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao poder nas eleições de 2018 no Brasil.
"Conheci duas formas de golpe. Primeiro, o imposto pela ditadura militar, quando não havia liberdade de expressão nem de imprensa, mas sim prisões, tortura, assassinatos e exílio", indicou Dilma em um evento realizado na Universidade Livre de Berlim.
"Agora temos outra forma de golpe que já não precisa do Exército para destituir políticos legitimamente eleitos. São golpes classificados como políticos, parlamentares-judiciais, que não foram dirigidos a mim como pessoa, mas contra a nação e o povo brasileiros, contra os mais pobres", disse a ex-presidente.
O objetivo desse movimento, defendeu Dilma, era acabar com a luta contra a exclusão social empreendida pelo PT nos 13 anos que o partido permaneceu no poder.
Dilma fez as declarações em um evento moderado pela ex-ministra de Justiça da Alemanha Herta Däubler-Gmelin, que ocupou o cargo entre 1998 e 2002.
A ex-presidente também denunciou o assédio judicial contra Lula, uma estratégia que, segundo ela, pretende impedir que ele volte ao poder nas próximas eleições.
"Aconteça o que acontecer, lutaremos para que Lula volte ao poder. E conseguiremos porque somos mais fortes do que os que pretendem impedi-lo", destacou a ex-presidente.
Lula lidera as pesquisas para as eleições de 2018, mas pode ser impedido de disputar o pleito caso seja condenado em segunda instância pela Justiça. O ex-presidente já foi condenado pelo juiz Sérgio Moro, em primeira instância, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá.
Para Dilma, a luta do PT é contra essa "nova forme de golpe" praticada pelas elites políticas, pelo monopólio da imprensa, por setores do Judiciário, além de parlamentares corruptos.
Dilma foi recebida no edifício Henry Ford da Universidade Livre de Berlim por estudantes e membros da colônia brasileira na capital alemã. O evento foi organizado pela Fundação Friedrich Ebert, ligada ao Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD).
A sala ficou lotada de cartazes contra o presidente Michel Temer e com mensagens de apoio a Dilma e Lula.