Elon Musk movimentava dinheiro entre os republicanos antes de apoio para campanha de Trump. (AFP)
Redator na Exame
Publicado em 3 de outubro de 2024 às 10h32.
Última atualização em 3 de outubro de 2024 às 11h06.
Elon Musk, conhecido por seu papel como CEO da Tesla e da SpaceX, apoiou financeiramente causas conservadoras muito antes de tornar-se seu posicionamento político mais explícito. De acordo com documentos e fontes próximas, Musk doou dezenas de milhões de dólares para grupos e campanhas republicanas ligadas a figuras como o ex-assessor de Donald Trump, Stephen Miller, e o governador da Flórida, Ron DeSantis. A reportagem é do The Wall Street Journal.
No final de 2022, Musk destinou mais de US$ 50 milhões (R$ 272 milhões) para financiar campanhas publicitárias do grupo Citizens for Sanity, que veiculou anúncios críticos a democratas em estados decisivos nas eleições de meio de mandato. Os anúncios abordavam questões como imigração ilegal e cuidados médicos para crianças transgênero, temas que ressoam com a base conservadora.
Além disso, em 2023, Musk fez uma doação de US$ 10 milhões (R$ 54,4 milhões) para apoiar a campanha presidencial de Ron DeSantis. Esse valor foi canalizado por meio de um grupo chamado Faithful & Strong Policies, sendo posteriormente transferido para o comitê de ação política Never Back Down, que apoiava DeSantis até sua saída da corrida presidencial.
Para manter suas doações em sigilo, Musk utilizou uma série de estruturas financeiras complexas, incluindo empresas de responsabilidade limitada e grupos classificados sob o código fiscal. Essas entidades são conhecidas como “grupos de bem-estar social” e podem arrecadar grandes quantias sem a necessidade de divulgar seus doadores. Isso permitiu a Musk fazer contribuições substanciais sem associar diretamente seu nome às campanhas publicitárias e políticas.
Um dos grupos mais beneficiados pelas doações de Musk foi o Building America’s Future (BAF), que recebeu milhões de dólares em 2022 e, posteriormente, repassou esses valores ao Citizens for Sanity. O BAF, que anteriormente apoiava causas pró-negócios, mudou sua liderança no mesmo período em que Musk se tornou um doador, arrecadando mais de US$ 53 milhões (R$ 288 milhões) em um único ano.
A Citizens for Sanity, com o apoio financeiro de Musk, gastou milhões em anúncios que atacavam diretamente políticos democratas, como o presidente Joe Biden e senadores em estados decisivos. As propagandas criticavam políticas de imigração e promoviam uma agenda conservadora em temas como direitos LGBTQIA+ e segurança nas fronteiras. Esses anúncios tiveram ampla circulação antes das eleições de meio de mandato de 2022, mas não conseguiram impedir que os republicanos enfrentassem uma derrota significativa em diversas corridas eleitorais.
Musk, que anteriormente se identificava como um eleitor democrata, começou a se distanciar das políticas progressistas nos últimos anos, especialmente em temas ligados à imigração e à diversidade. Sua transição para o apoio às causas conservadoras foi impulsionada, em parte, por questões pessoais, como a ruptura com sua filha transgênero, que pediu para mudar de nome e cortar os laços com o bilionário em 2022.
No início de 2023, Musk viu em Ron DeSantis uma alternativa viável para a presidência. Após um encontro com o governador da Flórida, organizado por David Sacks, Musk decidiu apoiar financeiramente sua candidatura. A doação de US$ 10 milhões (R$ 54,4 milhões) o colocou entre os maiores financiadores da campanha de DeSantis.
No entanto, com a saída de DeSantis da corrida presidencial, Musk redirecionou seu apoio para Donald Trump. Mesmo tendo criticado Trump no passado, Musk vê o ex-presidente como uma figura capaz de abordar questões de criminalidade e gastos públicos que considera fundamentais. Em maio de 2023, Musk lançou o America PAC, um comitê com a missão de mobilizar 800 mil eleitores para apoiar Trump em estados decisivos.