Bilionários marcaram presença na posse do presidente Donald Trump (AFP)
Repórter
Publicado em 21 de janeiro de 2025 às 06h44.
US$ 1,3 trilhão: é esse o valor somado de todos os bilionários presentes na posse do presidente Donald Trump nos Estados Unidos na segunda-feira, 20, segundo o índice de bilionários da Bloomberg.
Entre os principais nomes estavam os três homens mais ricos do mundo, Elon Musk, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg. Bernard Arnault, CEO da LVMH e homem mais rico da França, e Sergey Brin, cofundador da Alphabet, também marcaram presença.
A proximidade física dos mais ricos durante a cerimônia, especialmente em assentos à frente de membros do gabinete nomeado, chamou atenção. Musk e Sundar Pichai, CEO do Google, foram vistos logo à frente de Pete Hegseth, indicado à Secretaria de Defesa, evidenciando a importância desses magnatas para a nova administração.
"É fundamental reunir algumas das mentes mais brilhantes do mundo", disse Trump em resposta à presença massiva de executivos de tecnologia e finanças. Este movimento representa uma mudança significativa no cenário político, já que muitos desses líderes mantinham distância de Trump em seus primeiros anos de governo.
No entanto, o clima de otimismo econômico e as promessas de alívio regulatório reaproximaram o setor privado do novo presidente.
Nenhum bilionário ganhou tanto espaço no novo governo quanto Elon Musk.
O CEO da Tesla e da SpaceX foi um dos maiores apoiadores financeiros da campanha de Trump, desembolsando mais de 200 milhões de dólares de sua fortuna pessoal para impulsionar a volta do republicano à Casa Branca.
Musk assumiu ainda um papel estratégico no governo, liderando uma iniciativa voltada para a eficiência administrativa.
Além do apoio financeiro, Musk tem interesses claros na nova administração. Durante o discurso de posse, ao ouvir Trump mencionar planos de enviar astronautas a Marte, o executivo comemorou com gestos entusiasmados. A exploração de Marte é uma meta central de sua trajetória na SpaceX, e o apoio governamental pode acelerar seus planos de colonização do planeta vermelho.
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, também teve um papel de destaque no evento. Sentado próximo de políticos republicanos durante o almoço pós-cerimônia, segundo a Bloomberg, ele evidenciou uma reaproximação estratégica com o partido e o novo governo.
Desde as eleições, Zuckerberg implementou mudanças significativas em sua plataforma, eliminando ferramentas de checagem de fatos, alvo de críticas de conservadores, e reduzindo iniciativas de diversidade e inclusão. Essas ações sinalizam uma tentativa clara de alinhar os interesses corporativos da Meta com a administração republicana.
Outros nomes influentes, como Tim Cook, CEO da Apple, e John Paulson, bilionário do setor financeiro, também prestigiaram a posse. Cook, que já teve uma relação cordial com Trump no primeiro mandato, foi saudado publicamente pelo presidente na véspera do evento, com menções a um possível investimento da Apple nos Estados Unidos.
Entre os convidados, chamou atenção a presença de Shou Chew, CEO do TikTok.
O futuro da plataforma depende de uma decisão de Trump, que prometeu suspender a ameaça de banimento caso um acordo favorável seja alcançado com sua empresa-mãe chinesa, ByteDance. Trump, que antes buscava barrar o TikTok, agora reconhece o potencial da plataforma para engajar jovens eleitores e sinalizou a intenção de negociar uma solução que mantenha o aplicativo ativo nos EUA.
A ligação entre o mundo corporativo e o governo se reflete nas doações robustas que marcaram o fundo inaugural de Trump.
O fundo arrecadou um recorde de US$ 170 milhões, quase três vezes o valor arrecadado para a posse de Joe Biden em 2021, com contribuições de US$ 1 milhão feitas por figuras como Zuckerberg, Bezos, Sam Altman (OpenAI), Cook e Sundar Pichai (Google), e os US$ 75 milhões de Musk.
As doações evidenciam o esforço das empresas em estreitar laços com o governo, visando maior influência em políticas públicas que possam impactar diretamente seus mercados.
Além dos nomes tecnológicos, figuras influentes de outros setores também deram suporte substancial. Harold Hamm, magnata do petróleo, investiu mais de US$ 4 milhões em grupos pró-Trump. Ken Griffin, CEO da Citadel, e Steve Schwarzman, do Blackstone Group, doaram US$ 1 milhão cada, consolidando o apoio de Wall Street ao presidente.
A eleição de Trump trouxe uma onda de mudanças nas políticas corporativas de grandes empresas de tecnologia e varejo. Em resposta à nova administração, iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) e programas de responsabilidade social foram revistas ou descontinuadas em várias organizações.
O Walmart, maior varejista do mundo, tomou medidas drásticas para ajustar suas políticas às expectativas da administração Trump. Entre as mudanças estão:
A Meta, controladora do Facebook, também realizou mudanças profundas.
A empresa encerrará seus programas de DEI e substituiu o programa de checagem de fatos nos Estados Unidos por um sistema de "Notas da Comunidade", similar ao utilizado pelo X (antigo Twitter). Além disso, o republicano Joel Kaplan foi nomeado diretor de assuntos globais, marcando uma reestruturação política interna.
Em contraste, a Apple optou por defender suas iniciativas de diversidade. Cook, por sua vez, solicitou aos acionistas que votem contra o encerramento dos programas de DEI durante a próxima assembleia, prevista para 25 de fevereiro. O CEO da gigante de tecnologia também teria se comunicado diretamente com Trump para discutir tarifas aplicadas pela União Europeia (UE) que afetam a empresa.
O apoio a Trump não vem sem riscos. Muitos dos bilionários presentes na posse esperam benefícios diretos, como a manutenção dos cortes fiscais de 2017 e alívio regulatório em setores estratégicos. Contudo, alguns enfrentam a pressão de suas bases de consumidores e investidores, especialmente no Vale do Silício, onde a postura pró-Trump pode gerar divisões.
A posse de Trump marcou um momento simbólico de reaproximação entre o setor privado e o governo. Para muitos, o evento foi mais que uma celebração política: tratou-se de um encontro de interesses econômicos, onde as apostas são altas e o futuro de grandes corporações está em jogo.