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Muro "impenetrável" não vai impedir ida aos EUA, dizem imigrantes

"Vai ser um pouco mais trabalhoso, mas vamos continuar atravessando. Nenhum muro vai impedir", afirmou um dos mexicanos que tenta há duas semanas cruzar

Muro: a construção não vai abalar o desejo dos imigrantes de conquistar o "sonho americano" (Jose Luis Gonzalez/Reuters)

Muro: a construção não vai abalar o desejo dos imigrantes de conquistar o "sonho americano" (Jose Luis Gonzalez/Reuters)

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EFE

Publicado em 7 de novembro de 2017 às 07h06.

Calexico - Um hipotético muro "impenetrável" na fronteira de México e Estados Unidos, uma das promessas eleitorais do presidente Donald Trump e cujos protótipos foram apresentados recentemente, não vai abalar o desejo dos imigrantes de conquistar o "sonho americano", como destacaram alguns deles à Agência Efe.

"Vai ser um pouco mais trabalhoso, mas vamos continuar atravessando. Nenhum muro vai impedir", afirmou Miguel Villa Morales, nascido no estado de Guerrero, no sudoeste do México, e que, depois de ter sido deportado uma vez, está há duas semanas tentando cruzar novamente.

Jorge Alejandro Morales também aguarda bem na frente do ponto que divide Mexicali, no estado de Baja California, no México, e Calexico, na Califórnia, nos Estados Unidos, para poder voltar a atravessar a fronteira, depois de já ter sido deportado cinco vezes.

"Existem muitas formas de atravessar, não é só pulando o muro, o deserto é muito grande. Além disso, se você não tem dinheiro, pode atravessar passando drogas. Eu sei que não é bom, mas é uma forma de chegar", explicou o imigrante, nascido em Guadalajara, na região oeste do México, e que antes de ser deportado morou por anos em Los Angeles.

Ele sabe que voltar à Califórnia vai dar mais trabalho, não só por causa do possível muro, mas porque recentemente perdeu uma perna ao cair do "La Bestia", também conhecido como "Trem da Morte", que transporta milhares de imigrantes ilegais do México e da América Central na tentativa de chegar aos Estados Unidos.

"Precisei de um ano para me recuperar. Agora, tenho que colocar uma prótese", explicou, para ressaltar que um hipotético muro só fará com que os imigrantes mudem as táticas.

No final de outubro, o subcomissário interino de Escritório de Alfândega e Proteção das Fronteiras (CBP), Ron Vitiello, apresentou em San Diego, Califórnia, os oito protótipos do polêmico muro, proposta que ainda não tem boa aceitação no Congresso. Segundo ele mesmo afirmou, a sua intenção é ir pessoalmente ao local para verificar os modelos e ver quais cumprem com os requisitos de ser impenetrável e de difíceis escalada e escavação.

Altagracia Tamayo Madueño, proprietária da Pousada do Migrante, para imigrantes ilegais na fronteira, defendeu que mesmo com um muro maior a "situação migratória" não deve mudar muito.

"O que acontece é que os migrantes andam desesperados para atravessar, os 'coiotes' se aproveitam disso e aumentam os preços. Aqui eles estão cobrando mais US$ 12 mil, quando antes cobravam US$ 5 mil", revelou.

A mexicana Guadalupe, que não quis revelar o seu sobrenome, recentemente desistiu da empreitada de mandar o irmão para território americano na viagem pelo Deserto do Arizona, depois que o traficante cobrou US$ 16 mil dela.

"É muito dinheiro", exclamou.

A proprietária da pousada afirmou que a ameaça do muro provocou certo desespero nos imigrantes e alguns se apressaram para atravessar antes da construção. Com isso, os traficantes aumentaram os preços. Ela contou que há pouco tempo conversou com um "coiote", que garantiu que o muro do presidente Trump não será um empecilho para eles.

"O que vai acontecer é que vão procurar rotas alternativas. Se a travessia levava três dias, agora vai levar cinco e sempre haverá alguém que os deixará passar", contou ela, lembrando as palavras do traficante.

José Duran Pacheco é outro que espera a vez para voltar a atravessar aos Estados Unidos.

"Eu sei que a cruzada vai ser mais difícil. Há 16 anos, eu cruzei sozinho esse trecho, agora preciso de um 'coiote'. Antes te pediam US$ 1.500 para pular o muro. Agora, custa US$ 3.500", explicou à Efe este migrante, também nascido no estado de Guerrero.

José Duran já tentou atravessar duas vezes e foi deportado, mas não perdeu as esperanças de conseguir passar.

"Enquanto falam em muros e Trump, eu só penso em atravessar, aconteça o que acontecer", disse, enfático.

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