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Mundo se reúne em Cancún para rediscutir mudanças climáticas

Líderes mundiais tentam mudar histórico de negociações, que não foram suficientes na COP15, em Copenhague

Felipe Calderón, presidente mexicano: "é perfeitamente possível reduzir as emissões" (Chris McGrath/Getty Images)

Felipe Calderón, presidente mexicano: "é perfeitamente possível reduzir as emissões" (Chris McGrath/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2010 às 13h49.

Cancún - A conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, inagurada nesta segunda-feira em Cancún (leste do México), abriu 12 dias de conversações destinadas a devolver a credibilidade a um processo de negociação internacional debilitado pelo fracasso em Copenhague, no ano passado.

Dos mais de 190 países-membros da Convenção-quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês), as delegações de 132 nações estavam presentes na abertura, organizada em um luxuoso hotel do balneário mexicano, onde as negociações serão celebradas até 10 de dezembro.

"Quem os recebe é um país que, como todos os da região, é um dos que mais sofrem com os efeitos das mudanças climáticas", afirmou, em sua mensagem de boas-vindas, o presidente do México, Felipe Calderón, em alusão à grave temporada de chuvas e furacões que o país sofreu este ano, depois de ter registrado, em 2009, a pior seca em mais de meio século.

"As mudanças climáticas já são para nós uma realidade e estão tendo gravíssimas consequências para nós e para o planeta", afirmou Calderón, referindo-se às dramáticas inundações que devastaram parte do Paquistão e a onda de calor e de incêndios florestais sem precedentes que a Rússia viveu no verão boreal.

São "fenômenos que afetam mais aos mais pobres e os tornam ainda mais pobres", ressaltou.

"Continuamos presos a um falso dilema: ou combatemos as mudanças climáticas ou a pobreza em que vivem muitos dos nossos povos", afirmou. "Mas é um falso dilema porque é perfeitamente possível reduzir as emissões de gases de efeito estufa e, ao mesmo tempo, sustentar o crescimento econômico", acrescentou.

"A chave para resolver este problema é fechar as duas brechas ao mesmo tempo: a da natureza e a da pobreza", assegurou. "Este caminho existe e devemos explorá-lo entre todos", acrescentou.

"Por isso, durante as próximas duas semanas, aqui em Cancún, os olhos do mundo estarão sobre vocês", disse presidente mexicano aos negociadores presentes.


O presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), o indiano Rajendra Pachauri, pediu aos países presentes para "cooperar o mais rápido possível" para levar adiante a luta contra as alterações no clima e a adaptação a suas consequências inevitáveis.

"Precisamos tecer uma teia de esforços muito mais rica, um tecido cheio de buracos não funcionará e os buracos só podem ser preenchidos com acordos", considerou, por sua vez, a costarriquenha Christiana Figueres, secretária executiva da UNFCCC.

A conferência do ano passado, em Copenhague, deveria forjar um acordo para prosseguir e melhorar a luta mundial contra o aquecimento global a partir de 2012, ano em que expiram os compromissos do Protocolo de Kioto.

No entanto, a conferência dinamarquesa terminou com a adoção de um decepcionante texto não vinculante, negociado na última hora por um punhado de chefes de Estado, que propôs limitar a elevação da temperatura no planeta a dois graus Celsius, sem detalhar os meios de consegui-lo.

Um novo fracasso este ano seria fatal para o processo. Organizadores e negociadores estão decididos a obter resultados que, embora não se concretizem na forma de um tratado internacional, consigam avanços com vistas à próxima conferência em Durban (África do Sul), prevista para o fim de 2011.

No entanto, alguns dos participantes já expressaram preocupação de que Cancún siga a dinâmica de Copenhague, cujo resultado foi repudiado por vários países - entre eles Bolívia, Venezuela e Cuba - por não ter sido negociado por todas as nações.

Diferente de Copenhague, a conferência de Cancún não espera a participação dos grandes líderes mundiais. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que havia anunciado sua presença, informou esta segunda-feira que não irá ao México "devido à pesada agenda interna que precisa cumprir" no Brasil antes de passar a faixa presidencial à sua sucessora, Dilma Rousseff, em 1º de janeiro.

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