Árvore de Natal diante da Basílica da Natividade, na cidade palestina de Belém (AFP/Divulgação)
AFP
Publicado em 24 de dezembro de 2020 às 10h53.
O Natal este ano será triste em muitos países, com milhões de pessoas obrigadas a cancelar seus planos ou a limitar as celebrações devido às restrições impostas para lutar contra a propagação da pandemia de coronavírus.
A covid-19 provocou mais de 1,7 milhão de mortes em todo o planeta e os focos de contágios que continuam surgindo servem de recordação que, apesar da chegada das primeiras vacinas, a vida não voltará rapidamente à normalidade.
A Austrália, que chegou a ser mencionada como exemplo de boa gestão da crise sanitária, enfrenta atualmente uma nova conda de casos no norte de Sydney, cidade onde os habitantes só podem convidar a suas casas 10 adultos para as festas. E apenas cinco se moram no epicentro do foco de contágios.
Jimmy Arslan, que possui dois cafés localizados nos bairros mais afetados, registrou queda de 75% no volume de negócios. E não poderá encontrar a família, que mora em Canberra e não pode viajar para o Natal.
"É de partir o coração", afirma. "É um final triste para um ano triste.
"Deveríamos dar as boas-vindas em 2021 e chutar 2020 no traseiro", brinca o homem de 46 anos.
A maior parte da Europa enfrenta um de seus invernos mais tristes, com a aceleração da epidemia em vários países.
A Alemanha cancelou os famosos mercados de Natal e o papa Francisco decidiu antecipar em duas horas a Missa do Galo no Vaticano, para cumprir as restrições na Itália.
Em Belém, local de nascimento de Jesus de acordo com os cristãos, não haverá missa com público, nem a presença de dirigentes palestinos, como o presidente Mahmud Abbas, apenas uma cerimônia de Natal com a presença do clero e que será transmitida pela televisão.
Nos últimos dias antes do Natal, a Capela Santa Catarina, anexa à Basílica da Natividade, foi reaberta para a população local.
"Esperamos que o Senhor destrua o corona e que possamos recuperar nossa vida de antes", afirmou à AFP Nicolas al Zoghbi, homem que disse ter "mais de 70 anos".
Mas para muitos, o Natal será sinônimo de isolamento, como durante a maior parte do ano.
Nas Filipinas, alguns optaram por passar as festas sozinhos devido ao risco de contrair o vírus no transporte público.
"Vou pedir comida, assistir filmes antigos e fazer uma chamada de vídeo com a família", afirma Kim Patria, de 31 anos, que mora sozinha em Manila.
Ao mesmo tempo, milhares de caminhoneiros europeus se preparam para passar a noite em condições precárias, bloqueados ao redor do porto de Dover, no Reino Unido, que sai lentamente do isolamento provocado pela detecção em seu território de uma nova cepa do coronavírus.
"Todos nos dizem para esperar, mas não queremos esperar", lamentou na quarta-feira o motorista polonês Ezdrasz Szwajan no aeroporto de Manston, onde o governo britânico organizará testes de covid-19 em milhares de caminhoneiros.
"Dizem que teremos teste covid, mas não há nada. Não temos nenhuma informação, nada", completou, emocionado. "Tenho dois filhos, uma mulher, só quero ir para a Polônia".
As festas de Ano Novo também sofrerão as consequências.
A cidade do Rio de Janeiro vai fechar o acesso à praia de Copacabana durante a noite do último dia do ano para evitar multidões diante do novo aumento de infecções da covid-19.
A tradicional festa com shows e fogos de artifício que atrai multidões à praia de Copacabana todos os anos já havia sido descartada devido ao vírus, que já deixou quase 25 mil mortos no estado do Rio de Janeiro.
Até o momento, Sydney ainda prevê receber 2021 com o famoso espetáculo de fogos de artifício. A primeira-ministra de Nova Gales do Sul, Gladys Berejiklian, prometeu um show de sete minutos.