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Multidões celebram a queda de Assad na capital da Síria, Damasco

Sírios se reúnem na mesquita dos Omíadas para celebrar o que chamaram de "vitória da revolução"

Moradores de Sueida, um feudo da minoria drusa no sul da Síria, comemoram a queda de Bashar al Assad em 13 de dezembro de 2024 (AFP)

Moradores de Sueida, um feudo da minoria drusa no sul da Síria, comemoram a queda de Bashar al Assad em 13 de dezembro de 2024 (AFP)

EFE
EFE

Agência de Notícias

Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 12h54.

Última atualização em 13 de dezembro de 2024 às 12h57.

Milhares de pessoas celebraram a queda do presidente Bashar al-Assad na sexta-feira, 13, na mesquita dos Omíadas em Damasco, seguindo o apelo do líder do novo governo para celebrar "a vitória da revolução" nas ruas.

"Quero parabenizar o povo sírio pela vitória da revolução e convido-o a sair às ruas para expressar sua alegria", disse Jolani, que agora se apresenta com seu nome verdadeiro, Ahmed al Chareh.
Após uma ofensiva de 11 dias, a coalizão rebelde dominada pelo grupo islamista sunita radical Hayat Tahrir al Sham (HTS) tomou Damasco no domingo, expulsando a família Assad, que estava no poder há 50 anos.

Na capital Damasco, no norte, em Aleppo e no sul, em Sueida, milhares de homens, mulheres e crianças se reuniram nos centros de suas respectivas cidades. Em uma atmosfera festiva, muitos agitaram a bandeira com três estrelas, um símbolo do movimento pró-democracia de 2011 adotado pelas novas autoridades.

"Os Assad, pai e filho, nos oprimiram, mas nós libertamos nosso país da injustiça", comemorou um policial de 47 anos em Aleppo.

"Nossa alegria é indescritível", disse Haitham Hudeifa, de 54 anos, em Sueida, palco de manifestações contra Assad por um ano e meio.

"Unido, unido, unido, o povo sírio está unido", cantavam fiéis na famosa mesquita dos Omíadas, em Damasco, onde Jolani é esperado para a oração semanal.

Mas o clima de comemoração também expôs as paredes da mesquita, onde há dezenas de fotos de pessoas que desapareceram nas mãos dos antigos serviços de segurança. O mural testemunha a dolorosa busca por seus parentes após décadas de repressão.

Bashar al-Assad está em Moscou e recebeu asilo do governo de Putin, segundo mídia estatal russa

Cúpula na Jordânia

O país, multiétnico e dividido, tem múltiplos desafios à frente aos quais as novas autoridades tentam tranquilizar com mensagens de calma enquanto a comunidade internacional se mobiliza.

Os líderes dos países do G7, que reúne as principais potências ocidentais, disseram que apoiariam um governo "inclusivo" e exigiram o respeito dos direitos das mulheres e das minorias.

A Jordânia sediará uma cúpula sobre a situação na Síria no sábado, com a participação de ministros e diplomatas americanos, europeus, árabes e turcos.

O Secretário de Estado americano, Antony Blinken, viajou para a Turquia e se reuniu com seu contraparte turco, Hakan Fidan, nesta sexta-feira, após uma visita à Jordânia, onde pediu uma "transição inclusiva" para um governo "responsável e representativo".

O Bahrein, que preside a atual sessão da cúpula árabe, afirmou estar pronto para cooperar com as novas autoridades, em uma carta a Jolani.

A coalizão rebelde HTS afirma ter rompido com o jihadismo, mas permanece em uma lista que a classifica como "terrorista" por parte de vários países ocidentais, incluindo os Estados Unidos.

"Imperativo" lutar contra o EI

Blinken disse nesta sexta-feira, durante uma visita à Turquia, que continua sendo "imperativo" combater o grupo jihadista Estado Islâmico na Síria após a queda de Assad.

No nordeste da Síria, a Turquia apoia as forças rebeldes engajadas contra as Forças Democráticas Sírias (SDF), dominadas por curdos e apoiadas pelos EUA contra o EI.

A Turquia "nunca permitirá fraqueza na luta contra" o EI, garantiu o presidente Recep Tayyip Erdogan a Blinken na quinta-feira. Mas ressaltou sua determinação em impedir que o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, separatista) se aproveite da situação na Síria, referindo-se ao grupo que a Turquia considera terrorista e núcleo das SDF.

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, ordenou nesta sexta-feira que o Exército "se preparasse para permanecer" durante todo o inverno boreal (verão no hemisfério sul) na zona de contenção entre Israel e Síria nas Colinas de Golã, que foram parcialmente anexadas por Israel.

Nos últimos dias, o Estado israelense realizou centenas de ataques na Síria contra instalações militares estratégicas. Seu objetivo é garantir que os equipamentos do exército sírio não caiam nas "mãos erradas", afirmou Blinken.

Ponte humanitária da UE

O primeiro-ministro da transição, Mohammed al Bashir, instou milhões de sírios no exílio a retornarem ao país, comprometendo-se a "garantir os direitos de todos".

Cerca de seis milhões de sírios, um quarto da população, fugiram de seu país desde 2011, quando uma repressão às manifestações pró-democracia levou a uma guerra civil devastadora que deixou mais de meio milhão de mortos.

A UE anunciou nesta sexta-feira que implementará uma "ponte aérea" para entregar 50 toneladas de ajuda humanitária à Síria, a primeira operação de ajuda europeia desde a queda de Assad.
A ONU estima que mais de um milhão de pessoas tenham sido deslocadas desde o início da ofensiva rebelde.

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