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Da Redação
Publicado em 13 de fevereiro de 2013 às 18h23.
Cidade do Vaticano - Fiéis que lotaram a basílica de São Pedro, no Vaticano, ovacionaram de pé o papa Bento 16 numa emotiva despedida nesta quarta-feira, a última missa pública dele antes de efetivar sua renúncia no dia 28.
"Obrigado. Agora, voltemos à oração", disse o papa demissionário, de 85 anos, encerrando os vários minutos de aplausos, que claramente o deixaram comovido. Num gesto excepcional, os bispos presentes tiraram suas mitras em sinal de respeito, e alguns choraram.
Um dos padres no altar, que segundo a tradição fica sobre a tumba do primeiro papa, São Pedro, sacou um lenço para enxugar as lágrimas.
A missa deveria ter sido celebrada numa igreja de Roma, mas foi transferida para a basílica do Vaticano a fim de que mais fiéis pudessem assisti-la. Ainda assim, centenas ficaram do lado de fora.
Horas antes, no moderno salão de audiências do Vaticano, o papa, visivelmente emocionado, buscou tranquilizar seu rebanho mundial, dizendo estar confiante de que sua renúncia não irá abalar a Igreja.
O Vaticano, enquanto isso, anunciou que o conclave para a eleição do sucessor deverá começar entre 15 e 20 de março, de acordo com os prazos previstos nas regras eclesiásticas.
"Continuem a rezar por mim, pela Igreja e pelo futuro do papa", disse ele em declarações improvisadas no início da sua audiência geral semanal, sua primeira aparição pública desde o surpreendente anúncio de sua renúncia, na segunda-feira.
Foi a primeira vez que Bento 16, de 85 anos, pronuncia a expressão "futuro papa" publicamente.
A renúncia de um papa é um fato tão excepcional que os vaticanólogos ainda não decidiram com que título Bento 16 deverá ser tratado, e se deverá continuar usando trajes brancos de papa, os vermelhos de um cardeal, ou o preto de um sacerdote comum.
Já está definido que ele trocará o esplendor do Palácio Apostólico, erguido no século 16, por uma sóbria residência moderna dentro do Vaticano.
Na audiência geral, o papa fez breves declarações em italiano, com teor semelhante ao discurso de renúncia na segunda-feira, escrito em latim.
"Tomei a decisão em total liberdade, pelo bem da Igreja, após rezar por muito tempo e examinar minha consciência perante Deus", disse ele.
O pontífice alemão se disse "bastante ciente da gravidade de tal ato", mas também ciente de que não tem mais a força necessária para comandar a Igreja Católica e seus 1,2 bilhão de fiéis, num momento em que a instituição enfrenta vários escândalos em Roma e no resto do mundo.
Ele se disse amparado pela "certeza de que a Igreja pertence a Cristo, que nunca irá deixar de guiá-la e de zelar por ela" e sugeriu que os fiéis também deveriam aceitar esse conforto.
Afirmou ainda que podia "sentir quase fisicamente" o afeto demonstrado desde o anúncio da decisão.