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Mulheres sequestradas pelo EI preferem suicídio ao estupro

Após serem sequestradas pelo Estado Islâmico, muitas mulheres preferem tirar a própria vida do que serem transformadas em escravas sexuais


	Jihadista do Estado Islâmico agita a faca momentos antes de executar jornalista
 (Ho/AFP)

Jihadista do Estado Islâmico agita a faca momentos antes de executar jornalista (Ho/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de dezembro de 2014 às 14h38.

Bagdá - Quando chegou o momento fatídico, Jilan, de 19 anos, decidiu tirar a própria vida antes de ser violentada por jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI), como aconteceu com milhares de mulheres da etnia yazidi na região norte do Iraque.

Muitas mulheres, depois do sequestro pelo EI, preferem o suicídio ou a tentativa de suicídio antes de serem transformadas em escravas sexuais, afirma a organização Anistia Internacional (AI).

A minoria yazidi, considerada herege pelos jihadistas, é vítima das atrocidades cometidas pelos extremistas sunitas do EI, que assumiram o controle este ano de amplas faixas de território no norte do Iraque, incluindo a região de Sinjar, onde moram os yazidis.

De acordo com a ONG, os assassinatos, torturas, estupros e sequestros cometidos pelo EI contra os yazidis podem ser considerados limpeza étnica.

"Centenas, talvez milhares de mulheres foram obrigadas a se casar, foram vendidas ou oferecidas a combatentes jihadistas ou a simpatizantes do EI".

"Muitas dessas escravas sexuais são meninas, garotas de 14, 15 anos, ou até mais jovens", afirma Donatella Rovera, diretora da Anistia Internacional, que conversou com mais de 40 ex-reféns no Iraque.

Jilan cometeu suicídio por medo de ser estuprada, segundo o depoimento de outra refém, destacou a ONG.

"Um dia, eles nos deram roupas que pareciam vestidos de dança e nos disseram que devíamos nos lavar antes de nos vestirmos. Jilan se matou no banho", contou uma das meninas sequestradas junto com ela.

"Cortou os pulsos e se enforcou. Era muito bonita. Acho que ela sabia que um homem ia levá-la e se matou por isso", acrescentou a jovem.

Outra vítima explicou à Anistia Internacional que sua irmã e ela haviam decidido se matar durante a noite para escapar do casamento forçado, mas que outras duas mulheres, que acordaram com o barulho, impediram ambas.

"Amarramos um cachecol ao redor do pescoço e cada uma puxou o cachecol da outra o mais forte que conseguia, até eu desmaiar", disse Wafa, de 27 anos.

"O EI destruiu as nossas vidas", disse Randa, de 16 anos, capturada com a família e violentada por um homem que tinha o dobro de seu tamanho.

"É muito doloroso o que fizeram comigo e com a minha família".

Sofrimento terrível

Donatella Rovera alertou que "as consequências físicas e psicológicas do terrível sofrimento que essas mulheres suportaram são catastróficas".

"Muitas delas são torturadas e tratadas como gado. Mesmo as que conseguiram fugir estão profundamente traumatizadas", relata.

O grupo Estado Islâmico intensifica as ações nas regiões sob seu controle na Síria, onde está presente desde 2013, e no Iraque, onde iniciou uma grande ofensiva em junho.

Os jihadistas reivindicam com orgulho a violência e divulgam na internet vídeos de decapitações.

Na edição de outubro, a revista de propagada do EI, Dabiq, expressou orgulho pelo restabelecimento da escravidão, com a oferta de mulheres e crianças yazidis como prêmio de guerra a seus combatentes.

A Dabiq explicou que "pessoas do Livro" (adeptos de religiões monoteístas como os cristão e os judeus) podem evitar as medidas com o pagamento de um imposto ou a conversão ao islã, mas que esta possibilidade não existe para os yazidis.

Para tornar a situação ainda mais difícil, o trauma das mulheres submetidas à escravidão é ainda maior por causa do estigma que cerca as vítimas de estupro.

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