Papa Francisco: segundo a Conferência de Ordenação Sacerdotal de Mulheres, há uma centena de mulheres ordenadas como sacerdotisas católicas no mundo e 75% desse clero, não reconhecido pela Igreja, vive nos Estados Unidos. (Stefano Rellandini/Reuters)
Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2013 às 16h23.
Washington - A Conferência de Ordenação de Mulheres nos Estados Unidos está profundamente decepcionada com as declarações do papa Francisco, que manteve fechada a porta para o sacerdócio feminino, disse em comunicado a diretora-executiva da organização, Erin Saiz Hanna.
Em entrevista dada durante o voo de volta a Roma depois de presidir a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, Francisco deixou muito claro que a igreja "vê as mulheres como semelhantes, mas não iguais aos homens", e mencionou o papa João Paulo II para sustentar seu raciocínio.
"O raciocínio de Francisco ilustra uma teologia muito seletiva", acrescentou Erin. "Culpa o papa anterior por sua posição sobre o sacerdócio de mulheres e na mesma entrevista contradiz seu antecessor mostrando uma compreensão ampla pelos sacerdotes homossexuais".
Erin sugeriu que no lugar de buscar respostas em João Paulo II, "Francisco deveria buscar uma variedade de fontes, por exemplo, a Comissão Bíblica Pontifícia do Vaticano, que em 1976 concluiu que não há razão teológica ou de escrituras válidas para negar a ordenação de mulheres".
"O papa Francisco poderia ter citado a história que documenta o papel de liderança das mulheres nos primórdios da igreja, ou reconhecer as grandes obras que as sacerdotisas católicas fazem hoje", continuou.
Segundo a Conferência de Ordenação Sacerdotal de Mulheres, há uma centena de mulheres ordenadas como sacerdotisas católicas no mundo e 75% desse clero, não reconhecido pela Igreja, vive nos Estados Unidos.
"O papa Francisco declarou que "a Igreja falou e disse não" à ordenação sacerdotal de mulheres, continuou. "A Igreja não foi o papa João Paulo II, quando em 1994 ele proibiu a ordenação das mulheres, e a Igreja também não é hoje o papa Francisco", disse.
"A igreja é formada pelo povo de Deus, e o papa Francisco poderia ter considerado a maioria dos católicos que apóiam a ordenação feminina, reconhecendo que as mulheres foram criadas à imagem de Deus e acreditam, firmemente, que Deus está sempre com a porta aberta", concluiu.