Aborto: entidades tinham convocado uma greve geral, que teve baixa adesão; algumas empresas liberaram funcionárias em solidariedade à causa (Agencja Gazeta/Slawomir Kaminski/via REUTERS)
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2016 às 06h51.
Varsóvia - Várias cidades da Polônia registraram na noite de segunda-feira confrontos entre a polícia e manifestantes que protestavam contra a proibição do aborto, que terminou com sete detidos e três agentes hospitalizados, segundo informações divulgadas nesta terça pela polícia local.
Os principais distúrbios aconteceram em Poznan e Varsóvia, após o final das manifestações organizadas por coletivos feministas, pró-aborto e em defesa dos direitos humanos contra a lei em trâmite que prevê a proibição do aborto e prisão para que o pratiquem.
Varsóvia foi o palco dos principais protestos, que culminaram com uma manifestação no centro da cidade onde, apesar da intensa chuva, teve a participação de aproximadamente 17 mil pessoas, de acordo com a polícia.
Os organizadores da mobilização, denominada "Segunda-feira Negra", também tinham convocado as mulheres polonesas para um dia de greve geral, que teve pouca adesão, embora em alguns casos as empresas deram folga para suas funcionárias em solidariedade com os protestos.
O protesto foi motivado após o parlamento polonês, no dia 23 de setembro, admitir propor a proibição da interrupção voluntária da gravidez, penas de prisão para as mulheres que abortem, maiores castigos para os médicos, inclusive a abertura de investigação nos casos de aborto natural.
O partido Lei e Justiça, próximo ao setor mais conservador da Igreja Católica, permitiu aprovar esta iniciativa graças a sua maioria absoluta na Câmara dos Deputados.
O ministro das Relações Exteriores, Witold Waszczykowski, disse hoje em entrevista à emissora "TVN 24" que "o Executivo polonês está aberto para um debate sério sobre o aborto, a vida e a morte", e destacou que "uma questão de tal gravidade não pode ficar limitado a protestos nas ruas, fantasias e palavras de ordem estúpidas", como o protesto "marginal" que aconteceu ontem.
A atual legislação polonesa, de 1993, e é considerada uma das mais restritivas da Europa, só permite a interrupção da gravidez em caso de estupro ou incesto, quando representa um risco para a saúde da mãe, e quando o feto apresenta má-formação grave.