Protestos no Egito: as manifestantes, a maioria delas cobertas com o véu islâmico ou com o "niqab" (que só permite ver os olhos), gritavam palavras de ordem contra o golpe de Estado e o comandante das Forças Armadas, Abdel Fatah al Sisi. (Amr Abdallah Dalsh/Reuters)
Da Redação
Publicado em 30 de julho de 2013 às 15h51.
Cairo - Milhares de seguidores do presidente egípcio deposto Mohammed Mursi, a maioria mulheres, manifestaram-se nesta terça-feira no Cairo para homenagear os mortos das últimas semanas e pedir a volta ao poder do antigo chefe de estado islamita.
Os protestos de hoje, batizados como "manifestação para os mártires do golpe de Estado", caracterizaram-se pela participação em massa de mulheres, que inclusive realizaram passeatas exclusivas, como por exemplo uma que se dirigiu ao Ministério da Defesa.
Uma das participantes deste protesto, a dirigente da Irmandade Muçulmana Maha Abu al Aiz, disse à Agência Efe que a manifestação pretende demonstrar que os "defensores da legitimidade resistirão nas praças apesar dos massacres".
"Assassinaram mulheres na cidade de Al Mansura e também mataram nossos maridos e filhos. Isto não podemos aceitar", disse a ativista para explicar a adesão em massa das mulheres ao protesto.
As manifestantes, a maioria delas cobertas com o véu islâmico ou com o "niqab" (que só permite ver os olhos), gritavam palavras de ordem contra o golpe de Estado e o comandante das Forças Armadas, Abdel Fatah al Sisi.
As manifestantes também reivindicam a volta de Mursi, da Constituição aprovada durante seu mandato e suspensa pelos militares e do Conselho da Shura (câmara alta do Parlamento), dissolvido após o golpe militar.
"Sisi quer que o povo beije seus sapatos", "abaixo o golpe de Estado" ou "mãe não chores, vamos conseguir nossos direitos", foram algumas das palavras de ordem entoadas durante a marcha, nas quais podiam se ver muitas fotografias de Mursi, bandeiras do Egito e o livro sagrado do Corão.
"Através desse protesto, queremos dizer aos militares que as mulheres são mais fortes que suas balas", disse à Efe a jovem Asmaa Izzat, que participou da passeata.
A marcha partiu da mesquita de Al Nour, no bairro central de Al Abassiya, até a sede do Ministério da Defesa, de onde não pôde se aproximar devido às medidas de segurança.
Outra manifestação de mulheres se dirigiu para as embaixadas da Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos para pedir que esses países deixem de apoiar politicamente e financeiramente o novo regime.
As participantes, que levavam cinco caixões cobertos com bandeiras do Egito, gritavam contra Sisi e pediam a restituição de Mursi.
Os protestos coincidem com o último dia da visita ao Cairo da principal representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Catherine Ashton, que se reuniu ontem à noite com Mursi no local onde o ex-presidente se encontra retido pelos militares.
Ashton pediu um processo transitório "inclusivo", mas o vice-presidente egípcio de Relações Internacionais, Mohamed El Baradei, rejeitou a participação de Mursi na reconciliação nacional. O ministro, no entanto, disse que aceitaria conversar com a Irmandade Muçulmana.