O hijab é de uso obrigatório no país quando as mulheres estão em público: véu cobre o cabelo e parte do corpo da mulher (AFP/Arquivos)
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2014 às 17h47.
Milhares de mulheres iranianas se uniram nos últimos dias em uma campanha online para pedir mais direitos, divulgando fotos de si mesmas quebrando o código de vestimenta do Islã.
Mais de 154.000 pessoas curtiram a página no Facebook "Stealthy Freedoms of Women in Iran" (Liberdades Furtivas das Mulheres no Irã), criada há dez dias com o objetivo de incentivar o debate sobre se as mulheres devem ter o direito de escolher usar ou não o hijab, véu tradicionalmente usado pelas muçulmanas.
As autoridades ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o assunto. Há o temor de que as pessoas estejam abandonando os valores tradicionais à medida que adotam um estilo de vida ocidental.
O hijab é de uso obrigatório no país quando as mulheres estão em público. O véu cobre o cabelo e parte do corpo da mulher. É um dos principais pilares da interpretação iraniana da sharia, a lei islâmica, em vigor no país desde da revolução de 1979.
Mais de 100 fotos já foram postadas na página, mostrando mulheres geralmente em localidades remotas, mas também em áreas movimentadas de algumas cidades.
"Esta sou eu, cometendo um crime", escreveu uma jovem, que postou uma foto em Nour, no norte do país. "Sem nada me cobrindo, mas em paz absoluta", acrescentou.
O questionamento ao hijab cresceu entre as mulheres na última década. A polícia tem uma divisão especial para tratar de assuntos relacionados à moral, que pode notificar, multar e até prender quem não respeita as regras.
O presidente Hassan Rohani, um moderado eleito em junho de 2013, pediu que a polícia fosse tolerante com o hijab. Mas setores radicais se opõem a qualquer relaxamento.
Na semana passada, milhares de religiosas conservadoras realizaram uma manifestação não autorizada em Teerã, protestando contra o crescente desrespeito ao código de vestimenta.