José Mujica: "Eu acredito que não deve haver preconceitos e que o Uruguai está ensaiando um caminho" (Miguel Rojo/AFP/AFP)
EFE
Publicado em 19 de julho de 2017 às 17h23.
Montevidéu - O ex-presidente do Uruguai José Mujica, principal defensor da venda de maconha para uso recreativo nas farmácias por parte do governo, disse nesta quarta-feira que o país está "ensaiando um caminho" com a implementação da distribuição da substância em diferentes pontos.
"Eu acredito que não deve haver preconceitos e que o Uruguai está ensaiando um caminho", afirmou o ex-presidente em entrevista à emissora "Teledoze".
Mujica explicou que, durante seu governo, essa foi uma iniciativa que foi "vendida" ao parlamento. No início, segundo ele, havia alguma resistência.
Mas as novas gerações de deputados se encarregaram da construção do projeto que hoje é uma realidade.
"É um tema das gerações que estão chegando. Nós representávamos, em alguma medida, o mundo que está indo, mas não queríamos ficar como velhos conservadores", explicou.
O ex-presidente avaliou que alguns setores não querem ceder diante das evidências da mudança de realidade e que as novas gerações têm outra maneira de enxergar os assuntos.
"O que me parece horrível é ter condenado uma planta maravilhosa porque é uma fibra têxtil formidável. Eliminamos uma fibra têxtil e a temos castigado por causa da droga. Mas também parece que, em certas condições, é um medicamento para muitas coisas" afirmou.
No entanto, Mujica ressaltou que, apesar de ter fumado "milhares de pacotes de cigarro", nunca provou um baseado de maconha.
Em maio de 2013 em entrevista à Agência Efe, Mujica indicou que é contra o consumo de maconha, mas que preferiu legalizá-lo para que ele não "cresça nas sombras" e cause mais danos à população.
"A maconha é uma praga, mas o narcotráfico é pior", afirmou.
A comercialização do cannabis em farmácias, previsto na Lei de Regularização da Maconha aprovada em 2013, constitui a última das três etapas implementadas para o acesso recreativo à droga, junto com as plantações particulares e os clubes de maconha.
A venda começou em 16 farmácias de 11 dos 19 departamentos do país. As 4.959 pessoas registradas até agora como compradores poderão adquirir maconha a partir de hoje nas farmácias, em quantidades limitadas.
Um pote com cinco gramas da planta custam 187,04 pesos uruguaios (US$ 6,50). Cada pessoa pode comprar no máximo 10 gramas por semana e até 40 gramas ao mês.