Projeto de lei analisado no Parlamento uruguaio permite que usuários cultivem até seis plantas da maconha (©AFP / Luis Acosta)
Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2014 às 08h58.
Montevidéu - O presidente do Uruguai, José Mujica, reconheceu nesta terça-feira ter pedido aos legisladores do seu partido que 'freassem' a tramitação da iniciativa que pretende legalizar a compra e a venda da maconha e fazer do Estado seu único gerente - iniciativa que ele próprio promoveu -, porque a sociedade ainda 'não está madura'.
Em declarações recolhidas pelo 'Canal 10' da televisão uruguaia, o Mujica indicou que seu desejo é que o desenvolvimento deste projeto seja feito de forma 'suave', até que a população entenda o que se pretende com a medida.
O líder se expressou assim depois da divulgação de uma pesquisa na qual 64% dos uruguaios se disseram contra o projeto, incluindo 53% dos eleitores da governante coalizão de esquerda Frente Ampla (FA).
'Não votem uma lei porque têm maioria no Parlamento. A maioria tem que estar na rua, e o povo tem que entender que com tiros e prisões o que fazemos é dar um mercado ao narcotráfico', disse Mujica.
O presidente aposta então em aprofundar o debate público sobre a legalização da maconha e se mostrou confiante de que, por fim, o povo uruguaio 'entenderá que estamos em uma guerra e que esta é uma artilharia que não prejudica ninguém'.
O Governo uruguaio apresentou a iniciativa de legalizar a maconha como parte de um plano para combater o narcotráfico ao tirar seu mercado e evitar que os consumidores precisem frequentar ambientes pouco seguros para comprá-la.
O projeto de lei que vem sendo estudado pelo Parlamento uruguaio autoriza o Estado a assumir 'o controle e a regulação de atividades de importação, exportação, plantação, cultivo, colheita, produção, aquisição, armazenamento, comercialização e distribuição de cannabis e seus derivados'.
Além disso, seria permitido o 'autocultivo' de até seis plantas de maconha, com uma colheita máxima de 480 gramas anuais, para uso doméstico 'destinado ao consumo pessoal ou partilhado dentro do lar'.
Também se permitiria a instalação de clubes com até 15 membros que poderiam cultivar 90 plantas de maconha.