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Mujica diz que Estados Unidos foram "ingênuos" com drogas

Há um mês, Mujica afirmou que seu projeto de legalizar a compra e venda de maconha no país tem como objetivo combater o narcotráfico


	Maconha: segundo números da Junta Nacional de Drogas, 20% dos uruguaios de idades entre 15 e 65 anos consumiu maconha alguma vez na vida.
 (Getty Images/AFP / Stephen Brashea)

Maconha: segundo números da Junta Nacional de Drogas, 20% dos uruguaios de idades entre 15 e 65 anos consumiu maconha alguma vez na vida. (Getty Images/AFP / Stephen Brashea)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 08h52.

Montevidéu - O presidente do Uruguai, José Mujica, afirma nesta quinta-feira que os Estados Unidos "acreditam ingenuamente" que com políticas de repressão é possível combater o narcotráfico e destacou que o país "não encontrou a forma para diminuir e eliminar" o consumo interno de drogas.

Em seu programa de rádio "Fala o presidente", Mujica disse que os Estados Unidos "acreditaram ingenuamente que com repressão à América Latina, o narcotráfico seria combatido".

No entanto, "os fatos mostram que a repressão aumenta de forma permanente o tráfico de drogas", afirmou o líder uruguaio enquanto o Parlamento analisa sua iniciativa de legalizar o consumo e a venda de maconha no país.

"Os latino-americanos estão no meio deste problema" e o tráfico de drogas "gerou uma verdadeira batalha sangrenta no continente e ameaça se multiplicar", acrescentou Mujica.

O presidente do Uruguai destacou que "o grande mercado" para o tráfico de drogas "está nos Estados Unidos, que não encontrou uma forma de diminuir e eliminar o consumo interno".

Pela segunda semana consecutiva, Mujica utilizou seu programa de rádio para se referir ao tema do tráfico de drogas.

No último dia 24, o presidente insistiu de que o narcotráfico é o "verdadeiro veneno" das sociedades na atualidade e disse que seus efeitos são muito piores do que os da droga.


Após definir como "espantoso" o tráfico de drogas, o líder alertou sobre a relação com outras "metodologias" delitivas como "os ajustes de contas" e se lamentou pelo "fracasso permanente" da repressão contra o narcotráfico.

O presidente do Uruguai disse que a repressão "é importante perante a fenomenal taxa de lucro" e por isso insistiu em sua ideia de "arrebatar o mercado do narcotráfico"

Há um mês, Mujica afirmou que seu projeto de legalizar a compra e venda de maconha no país tem como objetivo combater o narcotráfico, que definiu como "o pior flagelo da América Latina".

O governante freou em meados de dezembro sua iniciativa de legalizar a compra e venda de maconha e pediu a seus colabodores que "eduquem as pessoas" para tentar que a iniciativa alcance o apoio popular necessário.

A princípio, os deputados governistas tinham a intenção de aprovar o projeto antes do final do ano passado e passar ao Senado para que se transformasse em lei no primeiro semestre de 2013.


A governante coalizão de esquerda Frente Ampla tem maioria tanto na Câmara dos Deputados, onde atualmente é analisado o projeto de lei, como no Senado, onde será enviado posteriormente, mas a legalização da maconha gera polêmica e divide todos os partidos com representação parlamentar.

Pouco antes de Mujica revelar que pediu aos legisladores governistas "frearem" o trâmite parlamentar, uma pesquisa da empresa "Número" revelou que 64% dos uruguaios são contra do projeto, incluindo 53% dos eleitores do FA.

O projeto de lei autoriza ao Estado assumir "o controle e a regulação de atividades de importação, exportação, plantação, cultivo, colheita, produção, aquisição, armazenamento, comercialização e distribuição de cannabis ou seus derivados".

Segundo números da Junta Nacional de Drogas, 20% dos uruguaios de idades entre 15 e 65 anos consumiu maconha alguma vez na vida e 8,3% consumiu no último ano. 

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