José Mujica: sua partida vai deixar "uma espécie de parte inconclusa na história da literatura latino-americana", acrescentou o presidente do Uruguai (Andres Stapff/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2014 às 08h31.
Montevidéu, - O presidente do Uruguai, José Mujica, disse nesta quinta-feira que com a morte do escritor colombiano Gabriel García Márquez, a "América Latina perdeu um companheiro de utopias" que, no entanto, seguirá vivo como "mestre" e "na esperança das pessoas".
Em declarações recolhidas pelo "Canal 12" da televisão uruguaia, o líder, um ex-guerrilheiro tupamaro de 78 anos, indicou que quando esteve preso durante a ditadura uruguaia (1973-1985) "caminhou muito com ele" e que quando foi proibido de ler, sua imaginação "buscava borboletas formosas" como as de García Márquez.
"Pintou partes de nossa história latino-americana jocosamente e com uma imaginação prodigiosa, particularmente do Caribe. E foi um homem sempre preocupado pela vigência do serviço e sempre tratou de seguir a sua verdade de uma forma formosa", disse Mujica.
O líder destacou que Gabriel García Márquez tinha "o raro privilégio que pouca gente tem de poder transmitir em poucas frases coisas que precisariam de tratados inteiros".
Sua partida vai deixar "uma espécie de parte inconclusa na história da literatura latino-americana", acrescentou.
"Para aqueles que sonham com a possibilidade de um mundo melhor, era além disso um companheiro de utopias que os homens sonham. A América Latina perdeu um de seus maiores pontos de referência em sua verdade, em sua dor, em sua alegria", acrescentou.
Gabriel García Márquez morreu hoje em sua residência na Cidade do México aos 87 anos, poucos dias após sair do hospital onde foi internado para tratar uma infecção pulmonar.